Com a proximidade do final do Calendário Maia em 2012, surgem a cada dia novas previsões e expectativas de catástrofes que poderão dar cabo da humanidade nesse ano cabalístico. Seguramente, nós e nosso planeta seguiremos nossa jornada, mas não custa nada estar a par de ameaças à estabilidade da vida na Terra que tenham fundamento científico. E uma delas, muito explorada pelos canais de documentários das TVs pagas, é o “supervulcão de Yellowstone”. Pensando nisso, eu elaborei um breve texto sobre essa área tão em voga atualmente.
O Parque Nacional de Yellowstone, localizado próximo ao limite entre os estados de Idaho, Montana e Wyoming, EUA, está situado sobre uma anomalia térmica positiva de grandes proporções, a qual é proveniente da presença de um enorme volume de magma (rocha vulcânica quente e em estado líquido) em subsuperfície. Essa anomalia é a fonte de calor para os numerosos gêiseres e fontes de água quente que fazem do referido parque um dos locais mais turísticos dos Estados Unidos.
De acordo com informações obtidas no site do Serviço Geológico Norte-americano, o USGS, em inglês, (http://pubs.usgs.gov/fs/fs100-03/), no início da década de 70 foi realizada uma reavaliação de levantamentos topográficos prévios, na qual se constatou que a caldeira de Yellowstone sofreu um soerguimento de 72 cm em cerca de 50 anos.
Essa informação tem suscitado especulações a respeito da proximidade de uma nova erupção de proporções gigantescas, uma vez que a região de Yellowstone foi palco de três grandes erupções, ocorridas respectivamente há 2.1, 1.3 milhões de anos e 640.000 anos atrás. Isso dá uma diferença de 800 mil anos entre a antepenúltima e a penúltima erupção e 660 mil anos entre a penúltima e a última erupção. Caso essa ciclicidade seja mantida, Yellowstone pode estar a ponto de se manifestar novamente, o que tem causado essa profusão de documentários na TV paga.
A última erupção lançou cerca de 1000 km3 de rochas vulcânicas na atmosfera e foi responsável pela formação da grande caldeira que ocupa a região central do parque. Há poucas dúvidas de que as variações topográficas mapeadas pelo USGS constituem a manifestação do acúmulo de magma sob a região.
Caso ocorra uma erupção de grande magnitude na região de Yellowstone, uma grande área dos Estados Unidos seria afetada; além disso, poderia haver um longo e intenso “inverno vulcânico” no planeta, com conseqüências catastróficas para a humanidade.
Mas ainda não é caso para pânico. Yellowstone é um supervulcão, sem dúvida, mas nada garante que a ciclicidade das últimas 3 erupções será mantida. Ou seja, o soerguimento de toda a região, que tem sido detectado com medidas extremamente precisas de satélite, certamente é um indício de que a quantidade de rocha fundida tem aumentado sob a área, mas ainda é cedo para saber se esse fenômeno terá continuidade e, ainda, se a quantidade de magma será suficiente para causar uma grande erupção vulcânica.
Sérgio Oreiro, D. Sc.
Caro Sérgio, não sei vc ouviu que essa medida aumentou em 25 cm em Dezembro. Mas gostaria de comentar um outro evento que tem chamado a minha atenção. No Google Earth, se olharmos a esquerda do Japão, veremos que na linha do encontro entre as placas já houve quatro derramamentos basálticos com volumes da ordem de milhão de km cúbicos. E a aparência desgastada mostra que isso vem da esquerda para a direita e a próxima será exatamente aonde não para de tremer. Veja que o Japão está sobre a borda da placa que com seu peso vai funcionar como uma válvula subindo e descendo em grande amplitude enquanto esse material passa entre as placas, aliviando a pressão sob a crosta causada pela subducção da placa que ali está penetrando, e escoando para o fundo do oceano.
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