Vivemos numa atmosfera poeirenta. A poeira que entra pelas nossas janelas pode vir de milhares de quilômetros de distância. Trata-se de um fenômeno planetário: tempestades de poeira provenientes do deserto do Saara atingem regularmente os Alpes e a Costa Leste dos EUA; nuvens de poeira podem ir da Ásia à Califórnia em menos de uma semana.
Qualquer estudo da poeira deve contemplar, no mínimo, os seguintes itens:
• Mudanças no equilíbrio térmico da Terra (a poeira reflete calor, o que resfria o planeta, num fenômeno conhecido como albedo);
• Transporte de bactérias patogênicas para regiões densamente povoadas;
• Deposição de sedimentos levados pelo vento em recifes de corais antes intocados, prejudicando o crescimento e até a sobrevivência dos mesmos;
• Queda generalizada da qualidade do ar;
• Abastecimento de nutrientes essenciais às florestas, principalmente as tropicais; •Transporte e deposição de substâncias tóxicas ou radioativas.
Para se amenizar as conseqüências negativas da poeira, precisamos conhecê-la melhor, incluindo os processos que controlam suas fontes e transporte, além de seu impacto. Se pudermos identificar e controlar a poeira produzida pelas atividades humanas já estaremos começando a longa caminhada com o pé direito.
Partículas muito pequenas podem penetrar no fundo dos pulmões e causar silicose, asbestose e outras moléstias pulmonares. Quanto mais densa for a concentração de poeira, mais elevados serão os níveis de doenças respiratórias crônicas e as taxas de mortalidade associadas às mesmas. A poeira associada ao asbesto (amianto) é altamente cancerígena.
A silicose natural foi descoberta em beduínos nômades do Saara em meados do século 20; posteriormente, ela foi identificada em lavradores paquistaneses e californianos, em moradores do Ladakh (região dividida por Índia, Paquistão e China), do deserto de Thar (noroeste da Índia) e do norte da China. Estudos mostram que a doença atinge mais de 22% das populações de algumas aldeias do Ladakh e mais de 21% das pessoas acima de 40 anos em regiões no norte da China. Estima-se que ela afete dezenas e talvez centenas de milhões de pessoas na Ásia.
Tanto a superfície da Terra como a poeira em suspensão na atmosfera terão de ser estudadas mais a fundo se quisermos prever e amenizar os problemas originários de sua inalação. Em terra, deve-se identificar as fontes e as zonas de deposição e determinar como o movimento da poeira variou tanto no passado recente quanto sob condições de clima diferentes. Incorporar poeiras em modelos climáticos (desde a fonte até o local de deposição) melhorará o entendimento e permitirá elaborar previsões em várias escalas cronológicas (de semanas a séculos).
Olá, Sergio!
ResponderExcluirGosto, desta informação.
Abraços