segunda-feira, 7 de março de 2011

O lado positivo dos vulcões

Os vulcões têm sim um lado bom. Eles constroem parte da crosta terrestre (o Havaí, por exemplo, deve sua existência unicamente aos vulcões). Além disso, o solo resultante da decomposição das rochas vulcânicas (formadas pela lava solidificada) normalmente é muito rico em nutrientes para as plantas. Mas os vulcões, de modo geral, causam mais mal do que bem à humanidade. Por exemplo, a erupção de um supervulcão pode "bagunçar" por muitos anos o clima de todo o planeta, inundando nossa atmosfera com partículas que refletem a energia do sol de volta para o espaço, causando um resfriamento muito prejudicial à produção agrícola.. Isso já aconteceu no passado e certamente se repetirá no futuro.

Os vulcões são considerados um dos flagelos da humanidade, e com razão. Erupções vulcânicas são eventos catastróficos que liberam grande energia num curto intervalo de tempo, provocando mortandade em massa, destruição e caos. A tragédia do Vesúvio em 79 AC, que afetou uma das áreas mais ricas da então crescente República Romana, e a destruição da avançada civilização minóica (da ilha de Creta) pela erupção de um vulcão na ilha vizinha de Santorini em 1470 AC, são exemplos do perigo que os vulcões representam para os seres humanos. Mas então porque tantas pessoas insistem em morar nas proximidades de vulcões que podem “acordar” a qualquer momento?

Mesmo correndo o risco de não conseguirem escapar a tempo caso o Vesúvio tenha uma grande erupção, calcula-se que, atualmente, cerca de cinco milhões de pessoas vivam nas áreas próximas deste vulcão. Outras áreas vulcânicas habitadas são partes da Indonésia, as Ilhas Havaianas e a Islândia, etc. Certamente, há algo nessas regiões que faz com que as pessoas se disponham a morar nelas, mesmo cientes do perigo que correm.

Os vulcões têm pelo menos quatro características positivas. Em primeiro lugar, eles criam terra firme no meio dos oceanos, como é o caso do Arquipélago do Havaí, cujas ilhas são 100% formadas de rochas vulcânicas consolidadas. De fato, o vulcanismo é um dos processos fundamentais na formação dos planetas, porque é o meio pelo qual os planetas e seus satélites perdem seu calor primordial e se revestem de uma crosta externa sólida.

Outra característica positiva dos vulcões é o fato de que a lenta decomposição das rochas formadas pela lava consolidada origina os solos mais férteis do mundo. Esta é a característica que mais atrai as pessoas para viver nessas áreas de risco. Para se ter uma idéia, nas proximidades do Vesúvio são cultivadas frutas, hortaliças e verduras de excelente qualidade. No caso do Brasil, podemos citar as famosas “terras roxas”, abundantes no interior dos estados de São Paulo e Paraná. As terras roxas, cuja fertilidade está intimamente ligada ao auge do ciclo do café nesses estados, foram formadas pela decomposição de extensos derrames de lavas que cobriram o Sul do Brasil há 130 milhões de anos atrás.

Um fato importante mas ainda pouco conhecido no Brasil é que os países onde os vulcões ocorrem podem utilizar a energia dos mesmos (denominada energia geotérmica) para produzir eletricidade de forma relativamente limpa. Isso já é feito na Islândia, na Califórnia, na Nova Zelândia, etc. Na Islândia, quase toda a energia elétrica é produzida dessa forma.

Por último, mas não menos importante, muitas das regiões onde existe vulcanismo ativo exploram ativamente o turismo. As paisagens vulcânicas em geral são muito belas e a visão de um vulcão em erupção é um espetáculo impressionante e inesquecível, principalmente à noite. Para quem quiser conhecer de perto um vulcão, existe um guia, denominado “The Volcano Adventure Guide” (“O Guia de Aventura em Vulcões”), escrito pela cientista brasileira Rosaly Lopes , da NASA, em 1996 (uma breve descrição do livro pode ser lida aqui).

Em síntese, os vulcões, que constituem um elemento importante da dinâmica de nosso e de outros planetas, possuem também o seu lado positivo. Algum dos leitores do Ciências e Poemas já visitou um vulcão ativo e gostaria de contar como foi a experiência?

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