Os sobrenomes, comuns no Império Romano, caíram em desuso com a derrocada deste. Foi somente entre os séculos X e XII que os sobrenomes ressurgiram, dada a necessidade de se identificar melhor as pessoas numa população cada vez mais crescente e móvel. Nos séculos XIV e XV, quem não tinha um sobrenome era considerado um verdadeiro "pária".
Na Itália, em particular, muitos sobrenomes provêm das características físicas de seu primeiro portador, de sua origem geográfica ou de sua profissão. Assim temos, por exemplo: Nani ( anões); Grassi (gordos); Pelosi (peludo, barbudo), Ferrari (ferreiro) Lucatelli (da localidade de Luca); Padovan (da localidade de Padova,ou Pádua), Sanguinetti (do lago Sanguinetto, assim chamado porque, nas batalha de Trasímeno, o general cartaginês Aníbal encurralou e matou, num lago, 70 mil soldados romanos. O lago passou a se chamar “sanguinetto” porque suas águas ficaram rubras com o sangue dos soldados mortos).
Em Portugal e na Espanha, além do que aconteceu na Itália, temos os sobrenomes dos cristãos novos, muçulmanos e principalmente judeus que, ao se converterem ao cristianismo, foram forçados a adotar nomes de animais e plantas para se distinguirem dos cristãos tradicionais. É difícil imaginar quem de bom grado aceitaria sobrenomes como “Porcino” (suíno), Barata, Cão, Aranha e até Mosca. Como curiosidade, o sobrenome “Bezerra”, muito comum no Nordeste do Brasil (que recebeu grande imigração de cristãos novos), provém de uma palavra hebraica que significa, literalmente, “rocha”. Ou seja, não tem nada a ver com o animal ao qual à primeira vista é relacionado. O sobrenome Rocha, segundo algumas fontes, nada mais é que a tradução de “Bezerra”.
Ainda sobre os judeus, assim que os mesmos migraram de um país para outro, por força ou por escolha, tinham constantemente de anglicizar, galicizar, hebraizar, diminuir, aumentar, dar outra grafia, reinterpretar ou simplesmente mudar nomes que antes tinham significado em outra língua.
Desta maneira, o nome descritivo Frummer ("religioso") tornou-se Farmer; Gartenberg tornou-se Gardener, ao contrário de nomes profissionais judaicos. Do mesmo modo, Shkolnik tornou-se Eshkol; Myerson, Meir; Gruen, Ben Gurion; Berg tornou-se Boroughs; Schreiber, Writer e Wright; Chayat tornou-se Hyatt ou talvez Chase.
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