As primeiras pesquisas sistemáticas para descobrir petróleo realizadas no Brasil datam do final do século XIX, quando foram feitas perfurações para essa finalidade em Bofete, interior de São Paulo. Um dos poços, que atingiu a profundidade de 500 m, chegou a produzir pequenas quantidades de petróleo, mas não o suficiente para caracterizar uma jazida comercial. Apesar de os primeiros estudos e perfurações terem sido realizados principalmente no Estado de São Paulo, na primeira metade do século passado, foi na Bahia que o petróleo jorrou pela primeira vez.
A história da descoberta da primeira acumulação de petróleo no Brasil começou em 1932, quando a água de uma cacimba na localidade de Lobato, próximo a Salvador, apresentou contaminação de petróleo. O então presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia, Oscar Cordeiro, foi informado do fato e, com o auxílio do engenheiro Manuel Inácio Bastos, perfurou um poço no local que encontrou, a apenas 5 m de profundidade, uma camada de arenito impregnado de petróleo. Entusiasmado pela importância do fato, Cordeiro tentou obter, no Ministério da Agricultura, um registro de jazida de petróleo para aquela ocorrência.
O Ministério da Agricultura não aceitou o pedido de Oscar Cordeiro, que, indignado, desencadeou uma intensa campanha na imprensa baiana da época, acusando os técnicos daquele ministério de sabotarem os seus esforços para provar a existência de petróleo no Brasil. A controvérsia perdurou por quatro anos, e, até hoje, se discute se houve ou não pressões de interesses estrangeiros que teriam influenciado a resistência do Ministério da Agricultura na época.
O geólogo Sílvio Fróis de Abreu foi ao local para colher e examinar criteriosamente amostras de rocha e óleo, tendo atestado a sua autenticidade. Os resultados foram encaminhados ao ministro da agricultura, Juarez Távora, o qual informou o presidente Getúlio Vargas da importância do fato.
Getúlio Vargas demonstrou grande entusiasmo pela descoberta e estimulou a realização de um estudo integrado, desde a coleta de material no campo a análises de laboratório, em 1935. Os resultados de tais estudos levaram os técnicos Sílvio Fróis de Abreu, Glycon de Paiva e Irnack Carvalho do Amaral a realizar pesquisas geofísicas na área de Lobato, em 1936, que culminaram com a perfuração de dois poços. Tais estudos foram patrocinados pelo Sr. Guilherme Guinle, com o apoio do então diretor do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), Avelino Ignácio de Oliveira.
Os dois poços perfurados foram denominados 153 (que atingiu 22 m de profundidade) e 153 A (71 m); ambos encontraram arenitos impregnados de petróleo, encerrando de vez a polêmica em torno da existência ou não desse bem mineral no Brasil. Um terceiro poço, denominado 163, foi perfurado com uma sonda mais possante, e atravessou, a 214 m de profundidade, uma camada de arenito saturado de petróleo. Durante a paralisação da sonda em um final de semana, o petróleo foi se acumulando e transbordou da boca do poço, em 21 de janeiro de 1939. Essa, portanto, é a data oficial da primeira descoberta de petróleo no Brasil.
Referência: Abreu, Sílvio Fróis (1973) – Recursos Minerais do Brasil. Ed. Edgard Blücher, Rio de Janeiro.
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