O prêmio da Mega-Sena, com certe freqüência, fica acumulado em quantias que ultrapassam os cem milhões de reais. Acertar na Mega-Sena, como todos sabem, é um evento altamente improvável. Na verdade, é surpreendente constatar que um jogo dessa natureza reúna tantos adeptos, pois nenhum outro gera todas as semanas uma quantidade tão espetacular de perdedores, como diz a velha piada. De qualquer maneira, sabemos (não por experiência própria) que, quase sempre, uma ou mais pessoas acertam a combinação. Como se explica fato tão extraordinário?
Por menos instruída que uma pessoa seja, mesmo por intuição ela saberá que o número de combinações possíveis de seis números escolhidos entre 1 e 60 é elevadíssimo. Quem aposta uma única combinação tem apenas uma chance entre mais de cinqüenta milhões de possibilidades! A probabilidade de êxito para uma única aposta é, portanto, virtualmente igual a zero (aproximadamente 0,00000002).
É por essa razão que seu vizinho que joga todas as semanas sempre perde e continuará perdendo! Caso você alerte para a realidade acima descrita, ele certamente dirá que, apesar das probabilidades, alguém sempre ganha! Logo, “com a graça de Deus”, talvez o próximo vencedor seja ele próprio, afinal, sempre se comportou bem e está convencido de que faria bom uso do dinheiro.
É verdade que, na maioria dos jogos alguém ganha, sozinho ou juntamente com outros apostadores. Esse fato nos sugere que a ocorrência do evento (acertar a combinação) não é tão improvável assim se forem feitas um número suficiente de tentativas. A cada jogo, são feitas milhões de tentativas. Há grupos que fazem dezenas de apostas, mas a maioria das pessoas faz apenas uma.
Se houver apenas 25 milhões de apostas diferentes, a chance de que uma delas seja sorteada é aproximadamente igual a 50%, e o evento deixa de ser improvável, tornando-se até corriqueiro. A verdade, portanto, é que o evento favorável torna-se bastante provável quando se dispõe de um número suficiente de tentativas, apesar de sua aparência improvável (quase impossível) na escala individual, isto é, tendo-se em vista a perspectiva de um único apostador.
Pois bem: a origem da vida assemelha-se a uma edição do concurso da Mega-Sena, com a diferença de que o evento favorável aqui é a aparição casual de uma molécula orgânica capaz de fazer cópias de si mesma. Neste caso, o evento favorável, considerando a perspectiva de um único apostador, é muitas vezes mais improvável do que acertar uma combinação de 6 números escolhidos entre 60.
Em compensação, o número de apostadores (moléculas orgânicas submetidas a condições adequadas) é extraordinariamente maior. E, além disso, cada apostador pode fazer a tentativa centenas ou mesmo milhares de vezes, e o tempo disponível para o experimento é de aproximadamente 1 bilhão de anos, sendo que as tentativas ocorrem ininterruptamente! Ora, nessas condições, seu vizinho certamente diria: assim, até eu ganharia!
Pois bem, é seguindo esse raciocínio que concluo que é altamente improvável que a vida não tenha surgido em “n” pontos no Universo. Uma certa proporção de seres vivos elementares deve ter surgido e evoluído, tal como na Terra, criando correntes evolucionárias; o último elo de algumas delas pode constituir um ser inteligente, capaz de pensar, raciocinar e reconhecer-se como entidade única. Em síntese: quando combinamos Biologia e Química Orgânica básicas, a teoria das probabilidades, energia, o tempo em escala geológica e a vastidão cósmica, podemos concluir: é altamente provável que, como seres inteligentes, não estejamos sós no Universo!
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