quinta-feira, 31 de março de 2011

Fabricação e reciclagem do vidro

O vidro é fabricado com a fusão do mineral quartzo (dióxido de silício, SiO2) com pequenas quantidade de soda e de potassa. Sua descoberta deve ter acontecido por acaso, quando, nos primórdios da civilização, alguém fez uma fogueira muito quente sobre um solo constituído pela mistura dos citados materiais e obteve assim um material fundido e transparente. Com a inteligência que é típica de nossa espécie, o homem logo encontrou empregos úteis para essa nova substância.

O quartzo utilizado na fabricação do vidro normalmente é proveniente de areias quartzozas muito puras, encontradas em terraços fluviais e principalmente em praias e dunas. Como a maior parte das areias contém pequenos fragmentos de ferro sob a forma de óxidos como a limonita e a magnetita, elas são passadas por um separador magnético que reterá o ferro; mesmo pequenas quantidades desse elemento podem conferir ao vidro uma coloração esverdeada que normalmente não é apreciada pelos consumidores.

Alguns elementos químicos podem ser acrescentados aos vidros para dar aos mesmos certas propriedades físicas desejáveis, como o óxido de chumbo para os vidros óticos (muitos já devem ter reparado que o vidro de uma lupa ou lente de aumento, por exemplo, é mais pesado que o vidro comum), o boro para torná-lo resistente ao calor, produzindo assim panelas de vidro, tubos de ensaio, etc. Outros elementos servem para colorir o vidro, como pequenas quantidades de óxido de cobalto, que tornam o vidro azul.

A reciclagem do vidro, refundindo o mesmo para fabricar vidro novo, não só gasta menos energia que a produção primária desse material, como ajuda a preservar o meio ambiente, pois, como já foi dito, o quartzo utilizado provém de areias quatzosas muito puras de rios ou praias, e a reciclagem dos vidros fará com que menos areia seja retirada desses ambientes, evitando assim maior dano aos mesmos. O vidro não polui o meio ambiente, pois é feito com materiais naturais, sendo praticamente imune ao ataque das intempéries e seu tempo de decomposição, na natureza, é indeterminado.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Sistema: entidade onipresente e onipotente

Hoje resolvi fazer uma reflexão sobre o uso generalizado da palavra "sistema". Segundo nos informa literalmente a Wikipédia, "um sistema (do grego sietemiun), é um conjunto de elementos interconectados, de modo a formar um todo organizado. É uma definição usada em várias disciplinas, como Biologia, Medicina, Informática, Administração e Geologia. Vindo do grego, o termo "sistema" significa "combinar", "ajustar", "formar um conjunto".

Todos nós já nos cansamos de ouvir, após longo tempo de espera em qualquer serviço prestado pelo telefone, aquela famosa mensagem "desculpem, caros usuários, mas temporariamente nosso sistema está fora do ar". Mas quem é mesmo essa entidade que "aparece e desaparece" quando bem entende, e a cujos caprichos as nossas vidas modernas estão sujeitas? Como este blog não é de filosofia, encaminharei você, leitor, para um texto escrito com a finalidade de tentar entender quem é essa nova entidade onipotente e onipresente em nossas vidas agitadas.

http://psiclinicasocial.blogspot.com/2011/01/sistema-sis-tema.html

terça-feira, 29 de março de 2011

Efeitos do acidente nuclear no Japão e reflexões para o Brasil

Um acidente nuclear libera radioatividade sob várias formas, sendo que as principais são: (1) radiação propriamente dita, sob a forma de ondas eletromagnéticas como os raios X, gama, etc. Essas são mortíferas, mas têm alcance mais limitado. (2) partículas subatômicas como as denominadas partículas alfa, que são o núcleo do elemento hélio e (3) isótopos radioativos de elementos químicos diversos, que são liberados para o meio ambiente, sob a forma de "poeira radioativa". Dentre os isótopos radioativos liberados, podemos citar o iodo 131, o estrôncio 90 e o césio 137.

As partículas subatômicas e os isótopos radioativos são muito perigosos, pois tanto podem se infiltrar no solo, carreados pela água, contaminando o mesmo e os lençóis de água subterrâneos, quanto podem ser levados pelos ventos para locais distantes da usina, sendo trazidos novamente ao solo pelas chuvas, contaminando nossas fontes de água e de alimento mesmo em locais distantes daquele do acidente, dependendo da intensidade do mesmo e da direção dos ventos. Desse modo, um acidente nuclear pode causar a contaminação de toda a cadeia alimentar dos ecossistemas que forem contaminados pela radiação.

Felizmente, o Brasil está no lado oposto do paneta em relação ao Japão e até o momento, recebeu apenas restos dessas partículas, incapazes de prejudicar nossa saúde. Os efeitos da radiação sobre o corpo humano, provenientes de (1), (2) ou (3), dependerão da intensidade da mesma e do tempo de exposição. Uma exposição direta causa queimaduras de 3º grau e morte relativamente rápida. Já nas contaminações menos intensas as pessoas podem não apresentar sintomas imediatos, mas como a radiação altera o DNA de nossas células, tais pessoas podem desenvolver uma série de doenças daí decorrentes, sendo o câncer a mais comum (principalmente de tireóide, leucemias, etc). Infelizmente, uma vez que o DNA foi alterado, pouco pode ser feito para evitar essas doenças.

Um outro efeito prejudicial ao homem (e aos demais seres vivos, tanto vegetais quanto animais) é o acúmulo dos isótopos radioativos em tecidos específicos do corpo; por exemplo, o césio 137 se acumula nos músculos, o iodo 131 tem predileção pela glândula tireóide e o estrôncio 90 se deposita nos ossos. Esse fato pode originar doenças como o já citado câncer, em sua várias formas.

Quanto à conveniência ou não do emprego da energia nuclear no Brasil, os leitores podem se reportar à palestra "Catástrofe natural do Japão, reflexões e ações no Brasil", proferida pelo assessor da presidência da Eletrobrás Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, no plenário do Confea em 24 de março de 2011. Para ele, ouvir a expressão “energia nuclear” já causa medo em muitas pessoas. Entretanto, segundo ele, essa é uma das formas mais seguras de provimento de energia elétrica.

Sérgio Oreiro

segunda-feira, 28 de março de 2011

Racismo: crime e ignorância cientifica

Apesar de todos os avanços da genética terem demonstrado, de forma categórica, que as semelhanças entre os seres humanos são muito maiores do que as diferenças, casos que frequentemente são noticiados pela mídia e outros que às vezes percebo em meu cotidiano, motivaram-me a escrever essas breves linhas. Afinal, a ciência é uma arma poderosa, capaz de lançar raios de luz sobre aqueles que insistem em agir nas trevas, em pleno século XXI.

A miscigenação das “raças” começou no Brasil logo após a chegada da frota de Cabral. A partir de 1500, portugueses começaram a aportar na costa brasileira e, aproveitando-se do costume indígena do “cunhadismo”, tão bem descrito por Darcy Ribeiro em seu livro “O Povo Brasileiro”, tiveram diversas esposas indígenas e uma multidão de filhos. Um pouco mais tarde, a monocultura da cana tornou necessário o tráfico de mão de obra escrava proveniente da África, e os portugueses iniciaram uma intensa miscigenação com mulheres negras, como foi apontado por Gilberto Freyre em “Casa Grande e Senzala”.

Mais tarde, já no Império, cientistas e intelectuais brasileiros, contaminados pela idéia da superioridade da “raça” branca sobre as demais, que prevalecia na Europa de então, convenceram o governo a incentivar a vinda de levas de imigrantes europeus com o intuito de “branquear” a população brasileira. Tais esforços não surtiram o efeito desejado, pois os imigrantes se integraram facilmente aos nossos costumes. Um exemplo marcante é o caso de Adoniran Barbosa, um filho de imigrantes italianos que se tornou um dos maiores sambistas brasileiros.

No final do século XX, o geneticista italiano Luigi Cavalli-Sforza compilou os resultados de um longo e extenso trabalho feito por ele com amostras biológicas de todos os povos da Terra, tendo concluído, em 1995, que a homogeneidade genética de nossa espécie é tão grande que não faz sentido dividir a humanidade em “raças”.

Entre nós, pesquisas detalhadas do geneticista Sérgio Pena e colaboradores, da UFMG, estabeleceram, de forma irrefutável, que cerca de 70% dos brasileiros que se julgam brancos têm ancestrais indígenas ou negros, principalmente em suas linhagens maternas, o que confirma os estudos sociológicos e antropológicos mais antigos de pesquisadores de renome como os já citados Darcy Ribeiro e Gilberto Freyre, que indicaram intensa miscigenação de homens europeus com mulheres daquelas duas etnias.

Portanto, praticar atos de racismo no Brasil não só constitui crime, como revela ignorância em relação à ciência moderna. Em nosso país, a probabilidade de um agressor possuir ancestrais da mesma etnia que ele agride é muito grande.

Sérgio Goulart Oreiro

Adaptado do artigo “Pequeno ensaio sobre os Brancos Brasileiros”, publicado no Blog Ciências e Poemas, no link http://cienciasepoemas.blogspot.com/2011/03/breve-ensaio-sobre-os-brancos.html

Breve ensaio sobre os brancos brasileiros

Resumo

Ainda que o Censo de 2010 tenha detectado uma ligeira predominância (48,2%) de elementos brancos na população brasileira, estudos históricos, antropológicos e, mais recentemente, genéticos, confirmaram o senso comum de que somos um povo mestiço por excelência. A cuidadosa compilação e análise de documentos históricos revelaram que a quase totalidade dos europeus, notadamente portugueses, que aqui aportaram no período colonial era do sexo masculino. Já no início do século XVI há provas de intensa mestiçagem entre uns poucos indivíduos europeus e numerosas mulheres indígenas, dando início a núcleos populacionais de mestiços (ou mamelucos), o mais importante dos quais foi constituído pelos bandeirantes do atual Estado de São Paulo. Já no final do referido século, teve início o tráfico de escravos negros e, consequentemente, a mistura do branco europeu com mulheres deste novo grupo populacional. Pesquisas recentes de genealogia por DNA confirmam e quantificam com maior precisão o resultado dos estudos dos antropólogos e historiadores; segundo tais pesquisas, a quase totalidade dos “brancos” brasileiros tem como ancestral pelo lado paterno um homem de raça branca, ao passo que as suas linhagens maternas se dividem em proporções quase iguais de européias, indígenas e africanas (33% para cada uma), o que permite afirmar que no Brasil se constituiu um “caldeirão étnico”, forjado em cinco séculos de mestiçagens de homens portugueses com mulheres indígenas e negras, sendo que apenas após o ciclo de migrações européias iniciado em meados do século XIX a contribuição de mulheres caucasianas para a formação do nosso povo se tornou significativa.

Introdução


Nas últimas eleições presidenciais, tornou-se evidente que parte de nossa população, principalmente em São Paulo e nos três estados do sul, tem um pensamento racista. Por causa disso, foi cunhado o termo “elite branca”. Já há alguns anos esse termo é empregado para identificar os eleitores de partidos mais conservadores, nas regiões Sul e em São Paulo. Um exemplo disso é uma frase cunhada pelo sociólogo e professor da UERJ Emir Sader, que escreveu certa vez, em seu blog, “ O eleitor tucano é branco ou se considera branco” (1). Emir Sader tocou no fundo da ferida do racismo: grandes sociólogos e antropólogos brasileiros, como Gilberto Freire e Darcy Ribeiro, autores, respectivamente de “Casa Grande e Senzala” e “O Povo Brasileiro”, repetiram à exaustão a tese da mestiçagem do nosso povo. Isso se explica, segundo eles, porque os portugueses aqui estabeleceram uma colônia de exploração e não de povoamento: o elemento colonizador que vinha para o Brasil colonial era branco e do sexo masculino.

De fato, no começo da colonização, vieram da Europa para o Brasil pouquíssimas mulheres. E os colonos, desde o início, acasalavam-se com as índias, formando vários focos de mamelucos, resultado da miscigenação entre índias e portugueses, franceses ou espanhóis. No final do século XVI, o padre José de Anchieta avaliava a população do Brasil em 57 mil almas, sendo 25 mil brancos da terra (principalmente mestiços de portugueses com índias), 18 mil índios e 14 mil negros (2). "Anchieta, porém só se referia à população incorporada ao empreendimento colonial que ocuparia, naquela época, não mais de 15 mil quilômetros quadrados", escreveu Darcy Ribeiro. Quase a metade da população colonial era branca, mas Darcy Ribeiro, em O Povo Brasileiro, dá as pistas da história genética dos brancos do Brasil colônia, que eram mestiços em sua grande maioria. A partir do final do século XVI o componente negro-africano aumentou cada vez mais, pela intensificação do tráfico de escravos provenientes da África e do uso de escravos na colônia, trazendo muito mais homens do que mulheres, de tal forma que, em alguns locais, a população negra era constituída quase que exclusivamente por homens.

A palavra "raça" em seu sentido atual apareceu na literatura científica em 1775, tendo sido empregada pelo alemão Johann Friedrich Blumenbach, um dos fundadores da Antropologia, para designar grupamentos populacionais diferentes baseados em conceitos inspirados nas teorias evolucionistas (3). Os absurdos praticados em nome dessas diferenças em pleno século XX, no centro da Europa civilizada (por exemplo, a tese ariana dos nazistas), foram tão traumatizantes que o assunto deixou de ser estudado por algum tempo.

O “cunhadismo”

O povo brasileiro surgiu, efetivamente, do cruzamento de uns poucos brancos com multidões de mulheres índias e negras. Um costume dos tupi-guaranis, tão bem descrito por Darcy Ribeiro em O Povo Brasileiro, era o chamado “cunhadismo”. Segundo esse costume, quando chegava um estranho na aldeia, os indígenas davam a ele uma mulher. Com a chegada de elementos brancos isolados na costa brasileira, nos primórdios do século XVI, o cunhadismo se disseminou: para ter acesso às quinquilharias trazidas pelo estranho, os indígenas levavam para ele uma moça de cada aldeia, pois não havia governo geral para os índios, sendo que cada aldeia constituía uma comunidade autônoma.

Quando os homens brancos recebiam essas moças, eles geravam nelas muitos filhos e passavam a ter cunhados, que eram os irmãos delas. Pelo sistema de parentesco classificatório, todos eram cunhados; assim sendo, o branco podia aliciar todos os homens de várias aldeias, para, por exemplo, cortar o pau-brasil e conduzi-lo até um navio.

Darci Ribeiro cita o caso de João Ramalho, chamando-o de fundador da “paulistanidade”: os aborígenes levaram uma índia, deram a João Ramalho e fizeram uma pequena cerimônia. Ramalho nasceu em Vizela, Portugal, em 1493 e morreu em 1580 no Brasil. Partiu de seu país em 1512 em um navio, buscando a terra que diziam ser paradisíaca. O navio em que ele viajava naufragou na costa da então capitania de São Vicente, litoral sul de São Paulo, por volta de 1513. Acolhido pela tribo dos Guaianazes, angariou prestígio junto aos índios com quem passou a viver e casou-se com a filha do Cacique Tibiriça, a índia Bartira, batizada depois com o nome de Izabel Dias (4). Do casamento resultaram nove filhos, que eram dele, mas, pela importância que os índios lhes davam, deveriam ter cada um umas trinta mulheres. Ainda segundo Ribeiro, as descrições de João Ramalho são poucas, mas deixam ver que Santo André era um covil de criminosos. Os jesuítas descrevem isso: cada filho de João Ramalho tinha muitas mulheres e muitos filhos; todos reproduziam em todas, ocasionando um crescimento demográfico sem precedentes no Brasil antes de Cabral aqui ancorar a sua frota. A despeito de seu comportamento considerado muito libertino para a época, João Ramalho é considerado por alguns o fundador do Exército Brasileiro, pois Tomé de Sousa o nomeou capitão da vila de Santo André, no planalto paulista. (4, 5).

Assim, o cunhadismo multiplica rapidamente a população e dá origem a um elemento novo, que os jesuítas chamaram de "mameluco". O filho da índia engravidada por um branco não era europeu nem indígena; era um “mameluco”, termo de origem árabe que significa “escravo que geralmente servia a seus amos como pajem ou criado doméstico, e eventualmente eram usados como soldados pelos califas muçulmanos e pelo Império Otomano para os seus exércitos e que em algumas situações, como no Egito, detiveram o poder” (6). Vemos então algo espantoso do ponto de vista demográfico: Portugal, com apenas um milhão de habitantes na época do descobrimento do Brasil, conseguiu dominar um vasto território nas Américas. Inicialmente, com o cunhadismo; depois, pela ação dos bandeirantes, os quais eram os mamelucos paridos pelas mulheres índias; eles não se identificavam com a mãe, mas falavam o idioma dela. Até 1700 supõe-se que em São Paulo se falava tupi-guarani, ou uma língua mista chamada nheengatu.

Em 1552, em carta ao rei D. João, o padre Manuel da Nóbrega relata a falta de mulheres brancas no país e pede que elas sejam enviadas, para que os homens "casem e vivam [...] apartados dos pecados em que agora vivem" (7). A coroa portuguesa tolerava relacionamentos entre portugueses e índias desde o início da colonização e até passou a estimular ativamente casamentos entre os mesmos por meio de um Alvará de Lei promulgado em 4 de abril de 1755 pelo Marquês do Pombal, que dizia: “Eu, El Rey. Faço saber aos que este meu Alvará de lei virem, que considerando o quanto convém que os meus reaes domínios da America se povoem, e que para este fim póde concorrer muito a communicação com os Índios, por meio de casamentos: sou servido declarar que os meus vassallos deste reino e da America, que casarem com as Índias della, não ficão com infamia alguma, antes se farão dignos da minha real atenção [...]” (Alvará Régio de 4 de abril de 1755) (8).

Acredita-se que a idéia do Marquês de Pombal era povoar o Brasil, garantindo sua ocupação territorial. Mas essa política, bastante liberal para a época, não foi estendida aos africanos. Contudo, sabe-se que, na prática, os relacionamentos entre homens portugueses e mulheres africanas persistiram em níveis bastante elevados, gerando grande número de mestiços (mulatos).

Os índios e os negros trabalhavam duro e a eles era quase sempre negado o direito de ter uma companheira. Assim, inicialmente sem o auxílio da genética, mas pela leitura e interpretação de documentos históricos por nossos historiadores e antropólogos de largo fôlego, como os já citados Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro, podemos deduzir que os homens índios e negros escravizados não tiveram papel relevante no povoamento do Brasil. Os descendentes mestiços do cruzamento entre europeus, índias e negras foram aqueles que formaram o nosso povo e constituíram a identidade brasileira até praticamente 1850. Dados citados por Darcy Ribeiro em O Povo Brasileiro mostram que de 1500 até 1850 vieram para o Brasil apenas 500 mil europeus. Um número relativamente pequeno se considerarmos que até esta data foram introduzidos, como escravos, entre 4 a 6 milhões de negros, e que a população indígena original foi estimada em 5 milhões de indivíduos.

Os brancos brasileiros constituem uma “raça” bem definida?

A resposta para esta pergunta é um sonoro “não”. As pesquisas genéticas das últimas décadas fulminaram o próprio conceito de raça. O trabalho realizado pelo italiano Luigi Luca Cavalli-Sforza (9) com 2.000 tribos e comunidades nativas de várias regiões do mundo comprovou que as raças são geneticamente bastante homogêneas. "A cor dos olhos e da pele, as proporções corporais e os tipos de cabelo são vernizes passados sobre uma estrutura biológica idêntica", definiu Cavalli-Sforza em seu livro "História e Geografia dos Genes Humanos", lançado no início de 1995. A partir de uma minuciosa análise nos genes obtidos a partir de amostras de sangue, coletadas de milhares de pessoas de diferentes grupos étnicos ao redor do mundo, Sforza demostrou que certas características, que permitem diferenciar membros de um ou outro grupo humano, não constituem base científica para afirmar que uma população humana pode ser intelectual ou fisicamente superior a alguma outra.

Numa pesquisa realizada com mais de 34 milhões de brasileiros, dos quais quase vinte milhões se declaram brancos, foi perguntada a origem étnica dos participantes de cor ou raça branca. A maior parte apontou origem brasileira (45,53%). 15,72% apontaram origem italiana, 14,50% portuguesa, 6,42% espanhola, 5,51% alemã e 12,32% outras origens, que incluem africana, indígena, judaica e árabe (10). Tais números condizem fortemente com o passado imigratório no Brasil. Entre o final do século XIX e início do século XX, sobretudo após a Abolição da Escravatura, o Estado Brasileiro passou a incentivar a vinda de imigrantes para substituir a mão-de-obra africana. Entre 1870 e 1951, de Portugal e da Itália chegaram números aproximadamente iguais de imigrantes, cerca de 1,5 milhões de italianos e 1,4 milhões de portugueses. Da Espanha chegaram cerca de 650 mil e da Alemanha em torno de 260 mil imigrados (11). Essas cifras refletem as porcentagens das origens declaradas pelos brancos brasileiros na pesquisa acima citada. É notório, porém, que quase metade dos brancos pesquisados declarou ser de origem brasileira. Isto é explicável pelo fato de a imigração portuguesa ser bastante antiga, remontando a mais de quinhentos anos; portanto, muitos brasileiros brancos desconhecem suas origens lusitanas, por já terem suas famílias enraizadas no Brasil há séculos.

Se considerarmos os brancos que se afirmaram de origem brasileira como descendentes remotos de portugueses, 60,03% da população branca do Brasil é de origem portuguesa. Em suma, vivem hoje em dia em Portugal 11 milhões de portugueses e, no Brasil, 26 milhões de pessoas que se consideram etnicamente portuguesas e outras 41 milhões que são, provavelmente, de remota origem lusitana. Observando os muitos milhões de mestiços e negros brasileiros que também possuem antepassados portugueses, é clara a primazia dos portugueses na formação étnica do povo brasileiro. De fato, Lins et al. (2009) analisaram amostras genéticas de 200 pessoas, divididas em cinco grupos de mesmo tamanho, cada um deles oriundo de zonas urbanas das cinco regiões do Brasil (12). As estimativas de ancestralidade predominante encontradas por eles são consistentes com o perfil genético heterogêneo da população brasileira, com uma grande contribuição de ascendência europeia (77,1%), seguido por africano (14,3%) e ameríndia (8,5%). Entretanto, pode-se argumentar sobre esse trabalho que sua base de dados foi muito pequena relativamente à totalidade de nossa população.

Outra revelação importante dos estudos genéticos é que "a contribuição européia deu-se basicamente através de homens, e a ameríndia e africana veio principalmente através de mulheres” (13). A presença de 60% de linhagens maternas ameríndias e africanas em brasileiros brancos é inesperadamente alta e, por isso, tem grande relevância social, dizem os pesquisadores (14). Este fato já havia sido estabelecido por antropólogos brasileiros que explicaram a formação de nosso povo baseando-se no estudo de documentos históricos.

O Iluminismo e o “branqueamento do Brasil”

A partir de 1850, no entanto, há uma alteração na composição das linhagens maternas na população com o início da vinda de grandes continentes europeus, acelerada no final do século XIX e que trouxe, até 1960, cerca de 4 milhões de pessoas, vindos de diferentes países da Europa. Diferentemente dos portugueses dos tempos coloniais, que raramente traziam suas mulheres, os imigrantes modernos vieram com elas, juntamente com seus filhos e filhas formando, pela primeira vez, um grupo numeroso de mulheres européias no conjunto da população brasileira.

Influenciada no cientificismo e no positivismo, as elites brasileiras, entre o final do século XIX e o começo do século XX, acreditavam que o branqueamento era a solução para o desenvolvimento do país. Surgia assim o “racismo científico” (15)

A elite racista do começo do século havia sonhado promover, com a imigração européia, o branqueamento da população. Entretanto, os imigrantes não formaram “guetos” étnicos isolados; ao invés disso, eles se incorporaram à população já existente através de casamentos. Um bom exemplo dessa rápida integração é a biografia de Adoniran Barbosa: filho de imigrantes italianos, ele se tornou um dos maiores cantores e compositores de samba (ritmo musical de raízes africanas) de nossa história musical. O objetivo racista do branqueamento da população brasileira, portanto, não foi alcançado.

No Brasil, o intelectual positivista mais influente foi Benjamin Constant (considerado por muitos o idealizador da República Brasileira), juntamente com Nísia Floresta (a primeira feminista brasileira e discípula direta de Auguste Comte), Miguel Lemos (que dá nome à rua onde moro), Euclides da Cunha e vários outros. Muitos desses pensadores, atuantes no final do Império e no início da República, pelo menos em algum momento de suas vidas, pensaram a miscigenação racial como um problema a ser solucionado. Em maior ou menor grau, para estes intelectuais, a questão étnica era a grande questão nacional. Para alguns, a mistura racial era um obstáculo ao desenvolvimento econômico e social (16). Era preciso, pois, promover a referida campanha de “branquemento do Brasil” (17). O auge desta campanha ocorreu exatamente no momento em que o trabalhador escravo (negro) é descartado e substituído pelo assalariado. Aí se coloca o dilema do passado com o futuro, do atraso com o progresso e do negro com o branco, como trabalhadores. O primeiro, para intelectuais como Maciel da Costa e José Bonifácio representaria a animalidade, o atraso, o passado, enquanto o branco (europeu) era o símbolo do trabalho ordenado, pacífico e progressista. Desta forma, para se modernizar e desenvolver o Brasil, só havia um caminho para esses intelectuais: colocar no lugar do negro o trabalhador imigrante branco, descartar do país essa carga passiva, exótica, fetichista e perigosa e substituí-la por uma população cristã e européia.

Nos escritos de Hyppolito da Costa no Correio Braziliense (18), as qualidades dos imigrantes europeus são enaltecidas. Em tais escritos, podemos ver a idéia de branqueamento da população associada às mudanças agrícolas decorrentes de uma imigração européia. Sob o ponto de vista do citado autor, a imigração européia daria uma série de vantagens ao Brasil, seja pelo aspecto do aprimoramento da agricultura, com a introdução de novas espécies de plantas e pela adoção de modernas técnicas agrícolas, seja pelo aprimoramento da “raça” através da introdução de europeus, de preferência do Norte da Europa e da Alemanha, Holanda, Itália, Espanha e Irlanda. Além de propiciar o branqueamento da população, também traria o “aprimoramento moral” tendo em vista sua “superioridade moral” em relação aos habitantes do país, quase todos de origem não européia ou mestiça, vivendo quase que isoladamente há três séculos. As repercussões da imigração européia também seriam sentidas em outros ramos da economia, como na indústria, praticamente inexistente no Brasil Colonial.

Digno de nota é o personagem “Jeca Tatu”, criado por Monteiro Lobato, o qual era “uma espécie de homem preguiçoso, seminômade, inadaptável à civilização, mas que vive na penumbra das zonas fronteiriças à civilização. À medida que o progresso vem chegando com a via férrea, o italiano, o arado, a valorização da propriedade, vai ele se refugiando no silêncio, como o seu cachorro e o seu pilão, de modo a sempre conservar-se fronteiriço, mudo e sorna. Encoscorado numa rotina de pedra, recua para não adaptar-se” (19). Nessa descrição, vemos que o positivista Lobato contrapõe dois universos, o do semicivilizado caboclo, representado pelo personagem “Jeca Tatu”, e o do imigrante, na figura do italiano trabalhador e progressista. Mas, para fazermos justiça a Lobato, devemos mencionar que ele achava necessário alertar e educar o povo, principal vítima das doenças tropicais decorrentes da falta de saneamento. Alguns anos mais tarde, ele escreveu “Jeca Tatu - a ressurreição”. Esse conto, mais conhecido como Jeca Tatuzinho, serviu de inspiração para uma história em quadrinhos bastante popular, que foi divulgada em todo país através do Almanaque do Biotônico Fontoura. Jeca, considerado preguiçoso, bêbado e idiota por todos, descobre que sofre de amarelão, nome popular para uma verminose conhecida cientificamente por ancilostomíase. No final do conto, o caboclo se trata e torna-se um próspero fazendeiro (20).


Estudos genéticos confirmam os achados históricos e sociológicos
A História, a Antropologia, a dinâmica populacional e – em nossos dias – a genética, desmentiram e jogaram uma pá de cal nas pretensões “embranquecedoras” de nossos intelectuais iluministas, mostrando que o resultado da mistura de diferentes povos em nosso país seguiu – e segue – um caminho diferente e oposto ao sonhado pelo racismo das classes dominantes, tanto as da época do Império como as dos dias de hoje.

Em 1994, uma pesquisa conduzida pelo químico Marcos Palatnick, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, calculou a taxa de miscigenação dos cariocas, concluindo esse povo estava se tornando uniformemente moreno. Sua conclusão era baseada no resultado de 15 anos de estudos com marcadores genéticos, revelando que os cariocas têm genes europeus e africanos: os de pele escura tem 2/3 de herança genética africana; os mulatos, meio a meio; e os de pele clara, 1/3 (21). No Brasil, o geneticista Sérgio Pena, da UFMG, foi um dos pioneiros nas análises de DNA aplicadas às origens geográficas da população brasileira. Os resultados da pesquisa de Palatnik foram confirmados pelos estudos de Pena, que os estendeu para todo o país,na pesquisa divulgada pela revista Ciência Hoje, em abril de 2000, de autoria da equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, coordenada por Sérgio Pena (22). O título da pesquisa é Projeto Genoma Humano. Os resultados deste projeto demonstram que, entre a população brasileira que se autoconsidera branca, aproximadamente 33% têm genes que provam sua ascendência indígena, outros 33% sua ascendência negra, e 33% têm ascendência branca. A contribuição européia se deu principalmente através dos homens, e a indígena e africana, através das mulheres. Os 30% de linhagens maternas brancas concentram-se nas regiões Sul e Sudeste, onde a imigração européia dos séculos XIX e XX foi mais intensa. Em (23) podem ser acessados vários artigos científicos sobre a Genealogia por DNA de autoria do Prof. Dr. Sergio D.J. Pena e sua equipe.

A seguir, apresento um breve resumo do uso do DNA para rastrear a ancestralidade dos indivíduos em termos geográficos, resumo esse baseado nos trabalhos contidos no site acima mencionado (23): existem vários tipos de polimorfismos genéticos em nível do DNA, classificados de acordo com a sua natureza molecular e localização no genoma humano. Aqueles presentes em cromossomos autossômicos configuram-se como ótimos marcadores de individualidade. Podem também ser úteis como marcadores informativos de ancestralidade (MIAs), desde que a diferença nas freqüências alélicas entre duas populações supostamente parentais seja grande. Já os polimorfismos uniparentais maternos (DNA mitocondrial) e paternos (determinadas regiões do cromossomo sexual Y) caracterizam-se por serem ótimos marcadores de linhagens, pois não há trocas de genes entre segmentos genômicos. Desta forma, os blocos de genes transmitidos às gerações seguintes permanecem inalterados nas linhagens paternas e maternas até que ocorra uma mutação, a qual é um evento raro. As mutações no DNA que ocorreram após a dispersão geográfica do homem moderno geraram variações que podem servir como marcadores geográficos por serem específicas de certas regiões do mundo. Deve ser salientado, ainda, que o DNA mitocondrial (mtDNA) e o cromossomo Y fornecem informações complementares que podem alcançar dezenas de gerações no passado, o que permite resgatar a história de um povo por meio das migrações realizadas pelas mulheres e homens, respectivamente. Quanto mais antigo for um agrupamento humano, maior será o número de mutações em seu genoma. Contudo, é importante lembrar que o mtDNA constitui uma parcela muito pequena da contribuição genética global dos antepassados de um indivíduo, cujo número cresce em progressão geométrica à medida em que caminhamos para o passado (ou seja, cada um de nós possui quatro avós, oito bisavós, dezesseis trisavós e assim por diante). Os estudos com o mtDNA revelam, dessa forma, informações sobre uma única antepassada e não sobre as demais. Analogamente, os polimorfismos do cromossomo Y fornecem informações sobre um único antepassado na linhagem masculina.

A interpretação dos resultados dos estudos recentes de Sérgio Pena e colaboradores leva à conclusão, já detectada por Palatnic e Lins et al. (2009), acima citados, de que a ascendência européia domina na população brasileira como um todo, embora tal população seja majoritariamente mestiça. 85% dos negros brasileiros têm uma ancestral africana, mas as linhagens paternas africanas estão representadas em apenas 47% deles – o restante tem ancestrais europeus em sua linhagem paterna (24).
Esse fato é condizente com a História, que mostra que muitos grupos indígenas foram massacrados pelos colonizadores, e muitos dos escravos africanos, como já vimos, não puderam se reproduzir, seja porque não havia mulheres disponíveis para eles, seja porque sua expectativa de vida era muito baixa. O estudo de Lins et al. (2009), assim como os demais, dão uma visão geral da ancestralidade do povo brasileiro. Nossa população é muito heterogênea, dada a dimensão do país, a complexidade do povoamento e das ondas migratórias, etc. Adicionalmente, tanto o fenótipo quanto a ancestralidade variam muito de indivíduo para indivíduo, como em outros países da América Latina.

Se parece surpreendente, por exemplo, o fato de que uma pessoa com biótipo africano ter uma ascendência predominantemente européia, é preciso levar em conta o fato de que, até onde se sabe, são poucas dezenas de genes (dentre os 20 mil estimados para o genoma humano como um todo) que coordenam as diferenças de pele, cabelos e olhos. Como escreveu Gilberto Freyre em Casa-Grande e Senzala: "todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena e do negro”.

No Brasil, tanto um indivíduo pode ser louro de olhos azuis e ter sua ancestralidade predominantemente africana como pode ocorrer o oposto (por exemplo, o cantor Neguinho da Beija Flor, de fenótipo negro, de acordo com uma análise do Laboratório Gene, coordenado por Sérgio Pena (UFMG), têm 67,1% dos genes com origem na Europa e apenas 31,5%, na África (25).

Considerações Finais

Os estudos filogeográficos, históricos e antropológicos efetuados em brasileiros “brancos” revelaram que a imensa maioria das linhagens paternas é européia, enquanto a maioria das linhagens maternas (mais de 60%) é indígena ou africana. Evidencia-se, assim, um padrão de reprodução muito conspícuo (homem europeu com mulheres indígenas e africanas), o qual está de acordo com tudo o que foi escrito por nossos historiadores e antropólogos sobre o povoamento pós-descobrimento do Brasil.
A elite racista do começo do século havia sonhado promover, com a imigração européia, o branqueamento da população. Entretanto, como os cientistas da UFMG mostraram, a integração dos imigrantes à população brasileira aumentou enormemente o número dos mestiços, muitos dos quais, à primeira vista, aparentam ser brancos e como tal são recenseados pelo IBGE. De acordo com esse instituto, a população brasileira assim foi dividida pelo Censo de 2010: os brancos representam 48,2% da mesma; os pardos, 44,2%; pretos,6,9% e amarelos e indígenas somam 0,7% (26).
Composição étnica do Povo Brasileiro segundo Censo de 2010 do PNAD/IBGE (26)


Ao contrário das previsões racistas, não foi o branco – ou qualquer outro contingente – que prevaleceu em nosso fenótipo médio, mas todos contribuíram para formar um povo novo – o brasileiro – cuja pele predominantemente morena deriva justamente da mistura de etnias que aqui se deu, através dos séculos. Os números do IBGE, que apontam uma ligeira prevalência de indivíduos brancos, devem ser tomados como aproximações, uma vez que a etnia é estabelecida a partir das respostas dadas à pergunta do recenseador (27).

A visão do Brasil como um "caldeirão racial" constitui o elemento predominante da formação nacional e mobilizou alguns dos mais importantes estudiosos no campo da sociologia e da antropologia. Gilberto Freyre foi pioneiro na separação entre "raça" e "cultura" e também o primeiro a destacar a miscigenação como ponto positivo. Em 500 anos de História, os brasileiros construíram nos trópicos um país de vasta e variada cultura. O Brasil é uma potência emergente e atualmente é a oitava maior economia do mundo, com possibilidades de ser a quinta maior economia do planeta no ano de 2030 (28); o povo brasileiro, com todas as dificuldades oriundas das diferenças de renda e de educação, aprende rápido e exibe capacidade incomum de adaptação e superação das adversidades. Essa é uma herança positiva da miscigenação que muitos pensadores da atualidade destacam, numa visão radicalmente diferente da que tinham as correntes intelectuais dominantes no Império, no início da República e até das minorias racistas atuais, as quais só vêem defeitos naquilo que é uma de nossas grandes virtudes como nação: a fusão harmoniosa de diferentes etnias.

Este pequeno ensaio pode ser concluído com as palavras de Darcy Ribeiro, às quais os estudos filogenéticos deram sólido embasamento científico: “o Povo Brasileiro formou-se a partir do cruzamento de uns poucos homens brancos com multidões de mulheres índias e negras”.

Sérgio Goulart Oreiro, D. Sc.


Referências bibliográficas:


1)http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=525

2) http://ordembrasilica.vilabol.uol.com.br/geneticabrasileiro.htm

3) http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/JohaFriB.html

4) http://www2.santoandre.sp.gov.br/news/1573/44

5) http://www.coladaweb.com/biografias/joao-ramalho

6) http://pt.wikipedia.org/wiki/Mamelucos

7 ) http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142004000100004.

8) http://need.unemat.br/4_forum/artigos/ewerton.pdf

9) http://www.wook.pt/authors/detail/id/5519

10) http://rius.com.br/sociedade-e-cultura/8062-a-definicao-de-uma-qpessoa-brancaq-difere-de-acordo-com-o-contexto-geografico-e-historico

11)
http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/povoamento/tabelas/imigracao_nacionalidade.htm

12) Lins et al. (2009): Genetic composition of Brazilian population samples based on a set of twenty-eight ancestry informative SNPs
American Journal of Human Biology doi:10.1002/ajhb.20976

13)http://grabois.org.br/portal/cdm/revista.int.php?id_sessao=50&id_publicacao=161&id_indice=1123

14) http://www.laboratoriogene.com.br/geneImprensa/peNaTaba.htm

15) Maio, M. C. e Santos, R. V. (1998) (orgs.) Raça, Ciência e Sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz.


16) http://www.outrostempos.uema.br/curso/estado_poder/30.pdf

17) http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702008000100014&script=sci_arttext

18) http://www.feth.ggf.br/migra%C3%A7%C3%A3o.htm

19) http://www.uel.br/grupo-estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anas8/artigos/CarlosRenatoCarola.pdf

20) http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=20&sid=5

21) www.inteligenciacoletiva.com.br/culturanegra.doc

22) http://www.laboratoriogene.info/Cientificos/retrato.pdf

23) http://www.laboratoriogene.com.br/?area=genealogiaArtigos

24) http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=3193&bd=1&pg=3&lg=

25) http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u300314.shtml

26)http://noticias.uol.com.br/especiais/pnad/2010/ultimas-noticias/2010/09/08/cresce-proporcao-de-pardos-e-pretos-no-pais-brancos-amarelos-e-indigenas-perdem-espaco.jhtm

27)http://www.censo2010.ibge.gov.br/download/questionarios/censo2010_amostra.pdf

28)http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1458606-9356,00-ESTUDO+APONTA+O+BRASIL+COMO+A+ECONOMIA+MUNDIAL+EM.html

Ribeiro, D (1995): O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras.

Freire, G. (1933): Casa Grande e Senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: Maia & Schmidt, 517p.

Causa e prevenção do câncer do colo do útero

O câncer do colo do útero está intimamente relacionado a um vírus chamado "papiloma vírus humano" ou HPV, que prolifera nos órgãos genitais como a vulva, a vagina, o colo do útero e também no pênis. Existem na natureza cerca de 80 tipos de HPV, sendo que alguns deles são inofensivos e causam as verrugas comuns. A transmissão desse vírus é feita através das relações sexuais e, como tal, o uso da camisinha é um ótimo meio para prevenir a infecção.

Embora a maioria dos homens infectados sejam portadores saudáveis do vírus, alguns desenvolvem verrugas no pênis, que podem ter a superfície lisa ou rugosa. Igualmente, a maioria das mulheres infectadas não apresenta nenhum sintoma; estes, quando estão presentes, consistem em prurido nos órgão genitais, dores durante a relação sexual e corrimentos.

Para prevenir essa doença, é essencial limitar o número de parceiros, usar preservativo e fazer exames preventivos com um ginecologista. Caso a mulher tenha um parceiro fixo, este deve procurar um médico para saber se está ou não infectado. O diagnóstico é feito através de exames preventivos como o papanicolao, a colposcopia, a biópsia (retirada de um pedacinho de tecido para análise) e a captura híbrida, um exame mais moderno que é o único capaz de diagnosticar a presença do vírus com 100% de certeza.

Atualmente existem várias formas de tratamento da infecção pelo HPV, como a criocirurgia (a qual utiliza um instrumento que congela e destrói os tecidos afetados), a aplicação de raios laser para igualmente destruir as lesões, a cirurgia de alta frequência, que também remove os tecidos afetados e a ingestão de medicamentos que fortalecem o sistema imunológico.

A ciência moderna proporcionou dois avanços na cura e prevenção dessa infecção: (1) na maioria dos casos, a lesão é curada e o vírus é erradicado do organismo e (2) já existem duas vacinas que podem prevenir a maior parte das infecções por esse vírus: a Vacina Quadrivalente, a qual protege contra quatro tipos do vírus HPV – os de número 6, 11, 16 e 18 –, que são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo de útero e por 90% das verrugas genitais; ela é indicada em mulheres entre 9 e 26 anos de idade. Um outro tipo de vacina protege contra os vírus 16 e 18. A idade recomendada para a vacinação é a mesma indicada para a primeira vacina citada. Em casos de dúvidas, as mulheres devem se manter sempre bem informadas consultando seus ginecologistas, evitando a automedicação e fazendo os exames preventivos com uma certa periodicidade.

Por fim, é importante mencionar que a presente postagem tem apenas caráter informativo e não pretende substituir a indispensável consulta médica.

Site para informações adicionais: http://www.gineco.com.br/hpv/hpv-cancer-colo-uterino.html

domingo, 27 de março de 2011

Como diferenciar depressão e tristeza

A depressão é uma doença séria que tanto pode ir se desenvolvendo aos poucos como pode ter um início brusco (como uma situação de luto por perda de um ente querido, por exemplo). No primeiro caso, os sintomas iniciais são um desejo crescente de isolamento social, perda ou aumento repentino do apetite, diminuição da libido, sensibilidade exagerada (a pessoa chora à toa), perda de interesse em atividades que antes costumavam ser prezeirosas, etc. Como muitos desses sintomas são comuns a fases de melancolia e tristeza às quais quase todos nós estamos sujeitos pelo menos uma vez na vida, só um psicólogo ou psiquiatra experiente pode fazer o diagnóstico da depressão na fase inicial da doença.

A depressão muitas vezes está associada com outras doenças, como ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, etc (isso se chama comorbidade), mas pode ocorrer isoladamente. Todos esses distúrbios quase sempre têm base genética, e é importante que o paciente informe ao médico se tem casos de depressão na família.

A depressão que se segue a um evento traumático como a perda de um ente querido é, de certa forma, normal e se chama "depressão reativa" ou luto. Obviamente, ela requer tratamento para aliviar o sofrimento quando este é tão intenso que prejudica a vida social e profissional do paciente, mas só poderá ser caracterizada como depressão propriamente dita se continuar muito forte por mais de seis meses a um ano.

Em casos de suspeita de depressão, como já foi enfatizado, o paciente deve procurar o auxílio de um psiquiatra que seja treinado também em psicanálise, pois o tratamento da depressão envolve o uso de medicação apropriada e psicoterapia. Ou então a pessoa pode ir ao psiquiatra para avaliar a necessidade do uso de medicação e fazer a psicoterapia com um bom psicólogo. Embora os antidepressivos modernos sejam eficientes e apresentem um perfil de efeitos colaterais mais brando que o dos antidepressivos tricíclicos amplamente usados no passado, seu uso deve ser estritamente controlado pelo psiquiatra, por dois motivos: (1) eles demoram 3 a 4 semanas para começar a fazer efeito e (2) o medicamento inicialmente prescrito pode não fazer efeito para o paciente, sendo necessária a troca e um novo período de espera.

Para finalizar, eu volto a enfatizar, por ser muito importante, que quase todos nós passamos por períodos melancólicos em que sintomas parecidos com os de início de depressão se manifestam; a distinção, que deve ser feita por psiquiatras e/ou psicólogos, levará em conta o grau de seriedade desses sintomas e o tempo que a pessoa os vem manifestando. Ir a um psiquiatra não deve causar nenhuma vergonha, pois ao contrário de uma crença que ainda resiste em pleno século XXI, eles não são só "médicos de louco". Antes de terminar esse breve texto, um conselho importante: evitem a hipocondria e a automedicação!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Necessidade e perigos do uso de agrotóxicos

Os agrotóxicos são substâncias químicas usados para exterminar pragas ou doenças que atacam as plantações. As pragas são os insetos, que ora comem as folhas e brotações das plantas, como as lagartas, os besouros e os gafanhotos; pulgões, percevejos, cochonilhas, etc., que sugam a seiva das mesmas, ou mesmo cavando galerias nos caules, como as larvas de borboletas, mariposas e certas espécies de besouros conhecidos popularmente como brocas. Os nematóides, pequenos vermes do solo que atacam as raízes das plantas, são também considerados como pragas.

Já s doenças podem ser causadas por diversos microorganismos como os fungos e os vírus. Os fungos geralmente causam manchas nas folhas, prejudicando a fotossíntese, e também podridões em toda a planta, incluindo os frutos. Os vírus estão presentes no interior da planta e podem causar perdas parciais ou totais da cultura afetada.

As pragas são exterminadas ou controladas por meio de inseticidas, aplicados diretamente com o uso de pulverizadores; alguns inseticidas são específicos para determinadas pragas ao passo que outros têm amplo espectro de atuação. Em grandes plantações, normalmente são aplicados com o uso de pequenos aviões pulverizadores.

Doenças causadas por fungos e bactérias são controladas por fungicidas, sendo que alguns deles também matam as bactérias, e podem ser pulverizados tanto de forma preventiva como para tratamento, assim que as plantas apresentam os primeiros sintomas das doenças. Já o controle dos vírus é mais difícil, pois não há produtos químicos efetivos contra eles, que são controlados com o uso de variedades de plantas resistentes aos mesmos e/ou pela eliminação de insetos que os transmitem, como os pulgões.

O uso de inseticidas para controle dos insetos prejudiciais às plantas deve ser feito com muito cuidado, pois eles são mais tóxicos que os fungicidas. Os insetos sofrem constantes mutações, tornando-se resistentes aos produtos, fato que leva aos fabricantes dos mesmos ao difícil desafio de criar, constantemente, novas formulações químicas que sejam eficazes contra os insetos sem prejudicar tanto o meio ambiente.

Em 1964, a cientista americana Racquel Carson escreveu o livro "Primavera Silenciosa”, que logo se tornou um best seller pelo fato de ter alertado a humanidade do perigo do uso indiscriminado de agrotóxicos. Um fato marcante foi a descoberta de resíduos de um poderoso inseticida denominado DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano) em ninhos da ave símbolo da Nação Norte-americana, a águia americana ou águia-de-cabeça-branca, ninhos esses situados em locais de difícil acesso e relativamente distantes das plantações comerciais. Segundo o portal Reação Natural, essa espécie, que quase foi extinta, recuperou-se gradualmente a partir da proibição, por parte do Governo dos EUA, do uso do DDT em 1972.

O uso de pesticidas precisa ser feito com cuidados especiais, pois os mesmos são tóxicos tanto para o homem quanto para a fauna e a flora dos mais diversos ecossistemas do planeta, afetando pássaros, animais domésticos, peixes, etc. Muitos deles deixam resíduos na planta ou nos frutos que são de difícil remoção, podendo causar doenças e até envenenamentos nas pessoas que os ingerem. Parte desses produtos infiltra-se no solo, contaminando o lençol freático e sendo levada para corpos de água como rios e lagos, afetando os peixes e toda a cadeia alimentar desses ambientes naturais. Além disso, certa proporção de pesticidas é levada de volta à atmosfera pela evaporação de água do solo de regiões onde eles são usados; dessa forma, eles são conduzidos pelos ventos a locais distantes da área de aplicação inicial, retornando ao solo através das chuvas, contaminando assim grandes regiões.

Segundo o site da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), “a ação dos agrotóxicos sobre a saúde humana costuma ser deletéria, muitas vezes fatal, provocando desde náuseas, tonteiras, dores de cabeça ou alergias até lesões renais e hepáticas, cânceres, alterações genéticas, doença de Parkinson etc. Essa ação pode ser sentida logo após o contato com o produto (os chamados efeitos agudos) ou após semanas/anos (são os efeitos crônicos) que, neste caso, muitas vezes requerem exames sofisticados para a sua identificação”.

Hoje em dia, a consciência da população sobre o perigo dos agrotóxicos têm levado ao cultivo e ao consumo de produtos vegetais produzidos com adubos naturais e sem produtos químicos, a chamada agricultura orgânica. Entretanto, se você quer ter uma horta doméstica e não deseja usar pesticidas, muitas espécies de insetos podem ser combatidos com produtos que apresentam grau satisfatório de segurança, como a nicotina, obtida da planta do fumo, e a piretrina, inseticida extraído de uma variedade de crisântemo (planta nativa da Ásia). Esta última substância elimina com segurança tanto os insetos domésticos quanto os que afetam as plantas cultivadas, já citados no início desta postagem.

Leitura de referência: Giacometti, D. C. (1983) – Jardim, horta e pomar na casa de campo. Ed. Nobel, São Paulo, 1983, 161 p.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Como se proteger dos raios numa tempestade elétrica

Temporais e tempestades são comuns no Brasil, principalmente nos meses de verão. As regiões Sul e Sudeste do Brasil são as que mais sofrem sofrem com as descargas elétricas e enchentes (www.inpe.br). Para os que estão sempre em contato com a natureza, seguem algumas informações importantes:

- não existe lugar seguro em ambiente externo como montanhas, pastos, etc;

- o fator mais atrativo para os raios são as pontas, principalmente as metálicas. Uma pessoa em pé, molhada de chuva e/ou de suor num descampado é um exemplo de ponta;

- barcos são razoavelmente seguros. Segundo dados do American Boat and Yatch Council, entre centenas de milhares de barcos de recreio nos EUA apenas entre 30 e 100 são atingidos por raios anualmente. Mesmo sendo um índice bastante baixo, o citado órgão recomenda a instalação, nas embarcações, de um para-ráio ligado diretamente à água;

- barracas não oferecem proteção alguma;

- em caso de raios em campo aberto não fique em grupo, separe-se dos demais em torno de 5 metros;. se estiverem de carro, ótimo: entrem todos nele. O carro é uma gaiola de faraday, onde a descarga do raio se distribui homogeneramente na carroceria de metal, deixando o seu interior protegido;

- livre-se de quaisquer equipamentos metálicos, principalmente guarda-chuvas com ponta;

- não se abrigue em árvores isoladas; ao invés disso, procure desfiladeiros ou vales;

- no caso de pegar uma tempestade elétrica numa montanha não existe muito o que fazer já que não existe um lugar isolado com pára-raios. Eu não faria montanhismo em tardes de verão, principalmente quando há previsão de temporais.

Em atividades em época de chuvas fortes (verão) eu sempre procuro ver a previsão do tempo e programar para ou voltar antes do final da tarde ou estar abrigado nesse horário.

Se você estiver em um local sem um abrigo próximo, sintomas como pêlos arrepiados e coceira na pele podem ser uma indicação de que um raio está preste a cair; portanto, ajoelhe-se e curve-se para frente, colocando suas mãos nos joelhos e sua cabeça entre eles. Não se deite no chão.

Algumas informações importantes sobre tempestades e raios:

O jornal O Estado de S.Paulo noticiou em 21 de fevereiro de 2008 que houve 22 mortes por raios nos primeiros 50 dias de 2008 em oposição a 46 vítimas em todo o ano anterior (2007), sugerindo um aumento do número de acidentes. A maior parte dos acidentes se concentra no Estado de São Paulo.

O INPE informa também que houve aumento em 35% no número de raios na região sudeste do país em 2008 em relação ao mesmo período de 2007, a explicação para o aumento da incidência de raios está no fenômeno La Niña, que é o esfriamento de águas do Oceano Pacífico. Esse fenômeno climático está aumentando a incidência de raios no Brasil e a região mais afetada é exatamente a sudeste.

No ano de 2001 em que o fenômeno “La Niña” marcou presença, o número de mortes por raio atingiu 73 óbitos, o mais alto até agora no país.

A maior parte das vezes os acidentes ocorrem no fim da tarde. Dados norte-americanos mostram que antigamente as vítimas eram fazendeiros e marinheiros, mas hoje em dia são adeptos do ecoturismo e atividades esportivas em locais abertos e de maior altitude. Há casos documentados em vídeo de jogadores de futebol atingidos em campo. Eu já li no jornal, há muitos anos, casos isolados de nadadores mortos por raios na Praia de Copacabana. Com efeito, certa vez eu estava no Cristo Redentor e uma tempestade se formou no fundo da baía da Guanabara. Presenciei inúmeros raios caindo na água do mar, que possui em média 35 gramas de sais minerais por litro.

Um fato curioso no caso das mortes por raio é que a causa da mesma é realmente uma parada cardio-respiratória, que não passa de evento terminal de tantas outras causas de morte. Porém, o dano ocasionado pelo raio pode ser decorrente da própria voltagem do relâmpago, do trauma provocado pelo raio ou pelo excesso de contrações musculares. A maioria das vítimas fica sem respirar e sem batimentos cardíacos, mas consegue recobrar as funções espontaneamente. Acredita-se que há uma cessação dos movimentos respiratórios e circulatórios por curto intervalo de tempo, mas depois disso as funções cerebrais reassumem o comando. Por esse motivo, recomenda-se sempre iniciar manobras de ressuscitação em quem foi atingido por raio, mesmo que aparente estar morto. Em outros termos, é como se um hipotético “disjuntor caísse” e alguém o ligasse novamente, restabelecendo a energia no organismo, ou seja, os batimentos cardíacos e os movimentos respiratórios. O fator de risco preponderante é a intensidade da corrente elétrica e não a voltagem propriamente dita.

As formas de acidente por raio são de quatro tipos :

Direta – o raio cai sobre uma pessoa em pé em um lugar aberto, entrando pela cabeça (entra no crânio pelos orifícios), atravessa externamente e internamente a pessoa e sai pelo solo. Esse tipo de acidente é o que faz o maior número de vítimas.

Por contato – o raio atinge um objeto próximo a pessoa, transferindo-se para ela. Os objetos de contato podem ser tacos de golf, guarda-chuvas ou,por exemplo, um molho de chaves.

Por espalhamento (splash) – ocorre quando a tempestade está em cima de uma área cheia de árvores e o raio cai sobre uma delas, e se espalha pelas pessoas em volta. Pode ocorrer também dentro de casa, se a vítima estiver utilizando telefone com fio. É o tipo mais comum de acidente.

Em onda – a última forma é quando o raio atinge o solo e viaja em círculos (igual a quando lançamos uma pedra em um lago) e quem estiver no raio da onda é atingido.

Traduzido e adaptado das seguintes fontes:

http://ciencia.hsw.uol.com.br/acidentes-com-raios-no-brasil.htm

http://www.lightningsafety.noaa.gov/overview.htm

http://www.inpe.br

segunda-feira, 21 de março de 2011

Como seres inteligentes, não devemos estar sós no universo

O prêmio da Mega-Sena, com certe freqüência, fica acumulado em quantias que ultrapassam os cem milhões de reais. Acertar na Mega-Sena, como todos sabem, é um evento altamente improvável. Na verdade, é surpreendente constatar que um jogo dessa natureza reúna tantos adeptos, pois nenhum outro gera todas as semanas uma quantidade tão espetacular de perdedores, como diz a velha piada. De qualquer maneira, sabemos (não por experiência própria) que, quase sempre, uma ou mais pessoas acertam a combinação. Como se explica fato tão extraordinário?

Por menos instruída que uma pessoa seja, mesmo por intuição ela saberá que o número de combinações possíveis de seis números escolhidos entre 1 e 60 é elevadíssimo. Quem aposta uma única combinação tem apenas uma chance entre mais de cinqüenta milhões de possibilidades! A probabilidade de êxito para uma única aposta é, portanto, virtualmente igual a zero (aproximadamente 0,00000002).

É por essa razão que seu vizinho que joga todas as semanas sempre perde e continuará perdendo! Caso você alerte para a realidade acima descrita, ele certamente dirá que, apesar das probabilidades, alguém sempre ganha! Logo, “com a graça de Deus”, talvez o próximo vencedor seja ele próprio, afinal, sempre se comportou bem e está convencido de que faria bom uso do dinheiro.

É verdade que, na maioria dos jogos alguém ganha, sozinho ou juntamente com outros apostadores. Esse fato nos sugere que a ocorrência do evento (acertar a combinação) não é tão improvável assim se forem feitas um número suficiente de tentativas. A cada jogo, são feitas milhões de tentativas. Há grupos que fazem dezenas de apostas, mas a maioria das pessoas faz apenas uma.

Se houver apenas 25 milhões de apostas diferentes, a chance de que uma delas seja sorteada é aproximadamente igual a 50%, e o evento deixa de ser improvável, tornando-se até corriqueiro. A verdade, portanto, é que o evento favorável torna-se bastante provável quando se dispõe de um número suficiente de tentativas, apesar de sua aparência improvável (quase impossível) na escala individual, isto é, tendo-se em vista a perspectiva de um único apostador.

Pois bem: a origem da vida assemelha-se a uma edição do concurso da Mega-Sena, com a diferença de que o evento favorável aqui é a aparição casual de uma molécula orgânica capaz de fazer cópias de si mesma. Neste caso, o evento favorável, considerando a perspectiva de um único apostador, é muitas vezes mais improvável do que acertar uma combinação de 6 números escolhidos entre 60.

Em compensação, o número de apostadores (moléculas orgânicas submetidas a condições adequadas) é extraordinariamente maior. E, além disso, cada apostador pode fazer a tentativa centenas ou mesmo milhares de vezes, e o tempo disponível para o experimento é de aproximadamente 1 bilhão de anos, sendo que as tentativas ocorrem ininterruptamente! Ora, nessas condições, seu vizinho certamente diria: assim, até eu ganharia!

Pois bem, é seguindo esse raciocínio que concluo que é altamente improvável que a vida não tenha surgido em “n” pontos no Universo. Uma certa proporção de seres vivos elementares deve ter surgido e evoluído, tal como na Terra, criando correntes evolucionárias; o último elo de algumas delas pode constituir um ser inteligente, capaz de pensar, raciocinar e reconhecer-se como entidade única. Em síntese: quando combinamos Biologia e Química Orgânica básicas, a teoria das probabilidades, energia, o tempo em escala geológica e a vastidão cósmica, podemos concluir: é altamente provável que, como seres inteligentes, não estejamos sós no Universo!

sábado, 19 de março de 2011

Caminhar rápido pode ser melhor do que correr

Caminhar rápido pode ser a melhor opção de exercício aeróbico. Hoje fui, como de costume, fazer a minha caminhada rápida. Depois eu me sentei numa ótima sombra e, tomando água de coco, lembrei-me que no livro “A Revolução Antioxidante”, o Dr. Kenneth Cooper afirmava que caminhar rápido poderia ser melhor do que correr.

Assim sendo, ao chegar em casa, tirei a poeira do velho livro de 1995 e, ao folheá-lo, cheguei à página em que o Dr. Cooper cita o trabalho de um fisiologista dos exercícios chamado Jonh Duncan, o qual foi publicado em 1991 no Journal of the American Medical Assotiation. No citado estudo, o Dr. Duncam e colaboradores monitoraram 102 mulheres antes da menopausa por um período de seis meses. Eles dividiram as mulheres em 4 diferentes grupos; o 1º, que seria o grupo de controle, não modificou seus hábitos sedentários. Os demais grupos deveriam percorrer 4,8 km em três velocidades diferentes: (1) 1600 m em 20 minutos; (2) 1600 m em 15 minutos e (3) 1600 m em 12 minutos. O grupo (1) apresentou frequências cardíacas médias correspondentes a 55% da frequencia cardíaca máxima prevista e um aumento de 4% na resistência aeróbica; no grupo (2) tal parâmetro ficou em 68%, com aumento de 9% na resistência e, no grupo (3), as freqüências cardíacas chegaram a 86% do máximo previsto, com aumento de 16% na resistência. O Dr. Duncan e colegas concluíram que as mulheres que caminhavam na maior velocidade, no intervalo de 12 minutos, conseguiram todos os benefícios de aptidão que seriam alcançados caso corressem 1600 m em nove minutos, com menos probabilidade de sofrerem lesões articulares ou ósseas.

Trocando em miúdos, a caminhada rápida, que é classificada como um exercício aeróbico de baixa intensidade, pode ser tão eficaz como a corrida, com menor risco de lesões nos músculos, ossos e articulações. Com efeito, nenhuma das mulheres que participaram desse estudo teve um algum problema músculo-esquelético que necessitasse de atenção médica.

Há tempos eu, que estou com sobrepeso, troquei a corrida pela caminhada rápida. Nos dias menos quentes deste verão, eu estava conseguindo dar a volta na Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ) percorrendo os 7,8 km de seu perímetro em 63 minutos (7,4 km/h). Hoje de manhã, eu percorri essa distância em 68 minutos, o que dá uma velocidade média de 6,9 km por hora, o que me posiciona entre os grupos (2) (6,4 km/h) e (3) (8,0 km/h). Tenho seguido essa rotina 3 vezes por semana, no mínimo, e não sinto dor alguma, nem durante os exercícios, nem após os mesmos.

Por último, mas não menos importante, não custa nada lembrar uma recomendação básica: se você é sedentário e pretende iniciar qualquer programa de exercícios, não deverá fazê-lo sem antes obter o sinal verde de um médico.

Referências:

1)Cooper, K. H. (1995) – Revolução antioxidante. Rio de Janeiro, Ed.. Record, 249 p.

2)Duncan, J. J., Gordon, N. F., Scott, C. B., (1991) – Women walking for health and fitness. Journal of the American Medical Assotiation. 266(23), p. 3295-3299.

(Um breve resumo do trabalho (2) , em inglês, pode ser obtido no link http://jama.ama-assn.org/content/266/23/3295.abstract).

sexta-feira, 18 de março de 2011

Nós, mamíferos adultos, devemos ou não beber leite?

Há alguns anos atrás, eu assisti na televisão a uma longa palestra com um médico nutrólogo, muito tranqüilo e articulado. O que na ocasião me despertou interesse, e por essa razão permaneceu em minha memória, foi que o referido médico desaconselhava enfaticamente que nós, adultos, bebêssemos leite. Segundo ele, leite é alimento para mamíferos bebês; ele também disse que, caso haja desejo ou necessidade de consumir leite, quanto mais processado e fermentado o leite for, melhor, pois menor será seu teor de lactose e haverá uma pré-digestão, ainda que incipiente, das proteínas do leite; consequentemente, menor será a possibilidade de reações alérgicas. Lembro-me de que ele associou o consumo de leite à produção excessiva de muco pelo organismo, principalmente nos aparelhos digestivo e respiratório.

Atualmente é muito mais fácil encontrar na internet sites que aconselham o consumo de leite do que o contrário. Quem fizer uma rápida busca na WEB constatará isso facilmente.

Ontem à noite, eu, que nunca fumei, mas que sempre bebi bastante leite no café da manhã, estava pigarreando muito e lembrei-me da entrevista do tal médico falando do acúmulo de muco, que causa o pigarro. Resolvi entrar na internet e pesquisar o assunto. Achei um site muito interessante, o http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id=380&Itemid=34
Neste site, o autor menciona que o argumento largamente difundido de que o cálcio do leite ajuda a prevenir a osteoporose é falso; com efeito, em http://www.medicinacomplementar.com.br/bibliotecadenutrientes.asp , li que em uma xícara de 240 ml de leite há, segundo a USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), 291 mg de cálcio e somente 33 mg de magnésio. Ora, 60% do magnésio existente em nosso corpo estão nos ossos. Segundo o site, o magnésio é indispensável à fixação de cálcio nos ossos, podendo a sua deficiência causar ou agravar quadros de osteoporose no adulto e dificultar a calcificação correta dos ossos na infância e adolescência. Ou seja, segundo o autor, não adianta o leite ser rico em cálcio se ele é pobre em magnésio. O leite de vaca tem três vezes mais cálcio que o leite humano. Não importa; nenhum dos dois é muito útil para os adultos, porque para ser absorvido e utilizado é necessário haver quantidade igual de magnésio (como existe nas folhas verdes que as vacas comem para conseguir todo o cálcio de que precisam para seus ossos enormes). O leite só tem magnésio suficiente para que se absorvam cerca de 11% do cálcio (33 mg por xícara de 240 ml).

Por comparação, segundo o site http://www.ivu.org/portuguese/trans/tva-diaryfree.html , o índice de absorção de cálcio de vegetais de folhas verde-escuras como brócolis, couve-de-Bruxelas, repolho verde, couve-chinesa, couve, couve-nabiça, etc. é de 50-70%.

Decidi ampliar minha pesquisa para outras fontes de informação. Estudei o conteúdo de cálcio e magnésio em verduras de cor verde-escura, pois elas contém mais clorofila, a qual por sua vez é rica em magnésio, o qual proporciona, como vimos, uma melhor absorção de cálcio. No site da Unicamp (http://www.unicamp.br/nepa/taco/contar/taco_versao2.pdf) descobri que 100 g de verduras como a salsa crua têm 179 mg de cálcio e 198 mg de magnésio, e o espinafre refogado contém 133 mg de cálcio e 123 mg de magnésio, para ficar apenas com dois exemplos. Ou seja, tais alimentos têm um equilíbrio entre os teores de cálcio e magnésio muito maior do que o existente no leite de vaca.

Dois outros fatores que prejudicam muito a absorção do cálcio pelos ossos, e portanto constituem fatores de risco para a osteoporose, são as ingestões excessivas de sódio e de proteínas de origem animal. Com efeito, segundo informações do site http://bbel.uol.com.br/qualidade-de-vida/post/influencia-da-nutricao-e-atividade-fisica-na-prevencao-da-osteoporose.aspx , cada grama de sódio ingerida (comumente sob a forma de cloreto de sódio ou sal de cozinha) faz com que entre 20 e 40 mg do cálcio sejam eliminadas na urina. No que tange às proteínas de origem animal o caso é mais sério: a proteína animal (carne, galinha, peixe e ovos) também provoca a excreção de cálcio pela urina (http://reformadesaude.blogspot.com/2010/07/proteina-vegetal-x-proteina-animal.html) . A pessoa que segue uma dieta que não inclui proteína animal pode ter necessidade menor de cálcio. Por exemplo, um vegetariano estrito que consuma uma dieta pobre em proteína e sódio pode precisar apenas de 500mg de cálcio por dia. Quem consome uma dieta rica em proteína e sódio pode precisar até de 2000 mg de cálcio por dia. Para maior aproveitamento do cálcio da dieta, recomenda-se não ingerir mais de uma fonte de proteínas animais por refeição.

As necessidades diárias de cálcio variam de acordo com a idade e o sexo do indivíduo. Segundo o site http://ods.od.nih.gov/factsheets/calcium/, elas podem ser assim resumidas (em mg/dia): 0 a 6 meses, 210; 7 a 12 meses, 270; 1 a 3 anos, 500; 4 a 8 anos, 800; 9 a 13 anos, 1300; 14 a 18 anos, 1300; 19 a 50 anos, 1000; 51+ anos 1200. Mulheres após a menopausa podem necessitar até 1500 mg por dia.

Outro grande inimigo do aproveitamento do cálcio pelo organismo é o consumo excessivo de café, nicotina e álcool. Tais substâncias, além de inibirem a absorção do cálcio dos alimentos, ainda aumentam a excreção deste mineral pela urina e fezes (http://www.bancodesaude.com.br/osteoporose/causas-osteoporose ).

Dentre as referências que pesquisei, uma me chamou a atenção: Karjalainen et al. (1992). Nesse estudo, os autores constataram que na Finlândia ocorre a maior taxa mundial de consumo de leite e seus derivados e também a maior taxa mundial de diabetes insulino-dependente . A doença atinge cerca de 40 em cada 1.000 crianças, comparado com uma taxa de 6 a 8 por 1000 crianças nos EUA. Segundo os pesquisadores, anticorpos produzidos contra a proteína do leite do leite de vaca, durante o primeiro ano de vida, atacam e destroem células do pâncreas em uma reação chamada auto-imune, produzindo o diabetes em pessoas cuja constituição genética as deixa vulneráveis. Ora, em meu último exame médico anual de rotina, minha taxa de glicose no sangue, que nunca havia passado de 100 mg/dL, ficou em 104 mg/dL. Meses antes do exame, eu havia aumentado a porcentagem de laticínios na minha dieta. Terá sido mera coincidência?

Assim procedendo, tomei minha decisão: só irei consumir derivados do leite em pequenas quantidades e comerei mais legumes, verduras, cereais integrais, soja e seus derivados e peixes de água fria, pois estou convencido de que isso será melhor para minha saúde. Não aconselho ninguém a fazer o mesmo sem antes pesquisar o tema e ouvir conselhos de médicos nutrólogos e de nutricionistas!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Cecília Meireles - o Romanceiro da Inconfidência

Inspirada por uma visita a Ouro Preto, Cecília Meireles compôs esse poema de temática social, que evoca a luta pela liberdade no Brasil do século XVIII e incorpora elementos dramáticos, épicos e líricos. Fruto de longa pesquisa histórica, o Romanceiro da Inconfidência é considerado por muitos – entre os quais eu me incluo – a principal obra literária dessa grande poetisa (ou poeta, como as poetisas atuais preferem ser chamadas).

Nesse livro, por meio de uma hábil síntese entre o dramático, o épico e o lírico, há um retrato da sociedade de Minas Gerais do século XVIII, principalmente dos personagens envolvidos na Inconfidência Mineira, abortada pela traição de Joaquim Silvério dos Reis, o que culminou na execução de Tiradentes e no exílio de vários de seus companheiros.

O gênero romanceiro é uma coleção de poesias ou canções de caráter popular. De tradição ibérica, surgiu na Idade Média e é, em geral, uma narrativa com um tema central. Cada parte tem o nome de romance – que não deve ser confundido com a denominação do atual gênero em prosa. Os primeiros textos medievais em língua portuguesa pertencem a esse gênero, assim como documentos como testamentos e escrituras e poemas de outro gênero literário – as “cantigas de amigo”.

Nessa obra de Cecília Meireles, há 85 romances, além de outros poemas, como os que descrevem os cenários. Em sua composição, é utilizada principalmente a chamada medida velha, ou seja, a redondilha menor, verso constituído de cinco sílabas poéticas (pentassílabo) e, predominantemente, a redondilha maior, verso de sete sílabas (heptassílabo) (...).

Não me conformo com o fato de Cecília Meireles nunca ter sido ao menos convidada para participar do processo de seleção da Academia Brasileira de Letras. Não entrarei no mérito de comparar o seu valor com o de literatos que integraram a Academia, mas certamente esse fato se deve ao machismo dominante em nossa sociedade na época em que a citada escritora estava no auge de seu processo criativo.

Modificado e adaptado do site: http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_417372.shtml

A obra completa pode ser baixada no site

http://www.scribd.com/doc/6808195/Cecilia-Meireles-Romanceiro-Da-Inconfidencia-Rev

Abaixo, uma pequena amostra da beleza dos versos de Cecília Meireles:

Romance V ou da destruição de ouro podre

(...)Embaixo e em cima da terra,
O ouro um dia vai secar.
Toda vez que um justo grita,
um carrasco o vem calar.
Quem não presta, fica vivo:
quem é bom, mandam matar (...)
Obrigado pela visita!

terça-feira, 15 de março de 2011

A origem dos sobrenomes ocidentais

Os sobrenomes, comuns no Império Romano, caíram em desuso com a derrocada deste. Foi somente entre os séculos X e XII que os sobrenomes ressurgiram, dada a necessidade de se identificar melhor as pessoas numa população cada vez mais crescente e móvel. Nos séculos XIV e XV, quem não tinha um sobrenome era considerado um verdadeiro "pária".

Na Itália, em particular, muitos sobrenomes provêm das características físicas de seu primeiro portador, de sua origem geográfica ou de sua profissão. Assim temos, por exemplo: Nani ( anões); Grassi (gordos); Pelosi (peludo, barbudo), Ferrari (ferreiro) Lucatelli (da localidade de Luca); Padovan (da localidade de Padova,ou Pádua), Sanguinetti (do lago Sanguinetto, assim chamado porque, nas batalha de Trasímeno, o general cartaginês Aníbal encurralou e matou, num lago, 70 mil soldados romanos. O lago passou a se chamar “sanguinetto” porque suas águas ficaram rubras com o sangue dos soldados mortos).

Em Portugal e na Espanha, além do que aconteceu na Itália, temos os sobrenomes dos cristãos novos, muçulmanos e principalmente judeus que, ao se converterem ao cristianismo, foram forçados a adotar nomes de animais e plantas para se distinguirem dos cristãos tradicionais. É difícil imaginar quem de bom grado aceitaria sobrenomes como “Porcino” (suíno), Barata, Cão, Aranha e até Mosca. Como curiosidade, o sobrenome “Bezerra”, muito comum no Nordeste do Brasil (que recebeu grande imigração de cristãos novos), provém de uma palavra hebraica que significa, literalmente, “rocha”. Ou seja, não tem nada a ver com o animal ao qual à primeira vista é relacionado. O sobrenome Rocha, segundo algumas fontes, nada mais é que a tradução de “Bezerra”.

Ainda sobre os judeus, assim que os mesmos migraram de um país para outro, por força ou por escolha, tinham constantemente de anglicizar, galicizar, hebraizar, diminuir, aumentar, dar outra grafia, reinterpretar ou simplesmente mudar nomes que antes tinham significado em outra língua.

Desta maneira, o nome descritivo Frummer ("religioso") tornou-se Farmer; Gartenberg tornou-se Gardener, ao contrário de nomes profissionais judaicos. Do mesmo modo, Shkolnik tornou-se Eshkol; Myerson, Meir; Gruen, Ben Gurion; Berg tornou-se Boroughs; Schreiber, Writer e Wright; Chayat tornou-se Hyatt ou talvez Chase.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A quem interessa a farsa do aquecimento global

No momento, há uma grande conspiração mundial em curso, que se chama “aquecimento global”. Há um interesse muito concreto por parte da "comunidade internacional" (eufemismo para designar o eixo de poder dominante mundial, eminentemente anglo-saxônico) para induzir a Europa e o Terceiro Mundo a uma recessão controlada, com o intuito de levar estas regiões a um estado de forte dependência econômica e comercial; o objetivo estratégico é duplo: quanto à Europa e o Japão, a meta é levá-los a um contexto geopolítico em que a concorrência econômica seja substituída por laços unilaterais de dependência, condição necessária para uma completa dependência no plano político, rumo a um mundo unipolar, centrado no eixo Washington-Londres. Quanto ao Terceiro Mundo, o objetivo é reforçar os laços já existentes de dependência econômica, com o propósito de instaurar um regime semi-colonial , centrado em três grandes pilares: globalização, ambientalismo e financeirização das economias produtivas, restaurando parcialmente os grandes impérios coloniais que se desfizeram após a Segunda Grande Guerra. A eleição de governos de centro-esquerda em vários países latino-americanos, inclusive no Brasil, tem prejudicado a implantação do último objetivo acima citado.

Para tanto, é necessário provocar uma recessão, através de políticas de protecionismo combinadas com campanhas de desindustrialização. Para desindustrializar uma economia vale tudo: manobras de "dumping" monetário (subvalorizando o dólar, para falir os setores exportadores dos países mais pobres), protecionismo tarifário (para dificultar a importação das mercadorias do Terceiro Mundo pelos países desenvolvidos), etc. A recente desvalorização mundial do dólar, com efeitos negativos nos setores exportadores de países emergentes, tais como o Brasil, é um exemplo de como essa metodologia é aplicada.

Mas a principal arma anglo-saxônica dos últimos 30 anos, no meu ponto de vista, tem sido o ambientalismo, que cumpre funções de instrumento de guerra econômica e comercial, ao sabotar empreendimentos de infra-estrutura (hidrelétricas, rodovias, hidrovias, usinas nucleares) para inibir o crescimento econômico, bem como para encarecer os produtos exportados (por exemplo, países com matrizes energéticas solar e/ou eólica, consideradas “limpas”, produzem mercadorias mais caras, simplesmente porque a energia destas fontes é mais cara) . Adicionalmente, dentro do fator "ambientalismo", há a chantagem aquecimentista: o alvo estratégico da campanha do aquecimento global é a redução das emissões de CO2, que, para ser implementada, deverá causar a desindustrialização, pela inibição do crescimento dos parques industriais e pelo encarecimento dos produtos por eles fabricados (os parques fabris, devido ao controle das emissões atmosféricas, produzem menos e repassam para o consumidor final os custos do controle do CO2).

O aquecimento global é o grande pretexto "fabricado" para desindustrializar as economias mundiais fora do centro Washington-Londres, tornando-as menos competitivas. Menor crescimento econômico significa menos poder - ou será que alguém duvida que Inglaterra, França, Itália, Alemanha e Japão, por exemplo, seriam protagonistas do cenário geopolítico internacional se não possuíssem economias dinâmicas? Industrialização é poder, mas é também maior produção de CO2; menor emissão deste gás significa, portanto, menos poder.

Por outro lado, como já foi enfatizado neste blog, o mundo não está se aquecendo, ao contrário da pregação alarmista propagada na mídia pelos centros hegemônicos mundiais (ver entrevista com o climatologista brasileiro Luís Carlos Molion no canal livre da Rede Bandeirantes). As calotas polares não estão derretendo, os furacões e tempestades não alteraram a sua frequencia e intensidade nos últmos 50 anos e não há escassez de água potável no mundo. Basta acessar o devastador documentário "A Grande Farsa (ou "Fraude") do Aquecimento Global”, dirigido por Martim Durkin e veiculado no Channel Four da BBC em 08 de março passado de 2010, considerado a grande contestação ao documentário sensacionalista "Uma Verdade Inconveniente", do político norte-americano Al Gore, que tem fortes interesses financeiros vinculados à campanha aquecimentista; por exemplo, Gore é o sócio fundador de um fundo de investimentos de 2004, denominado Generation Investment Management, cujos lucros provêm dos negócios do mercado de créditos de carbono).

Por último, mas não menos importante, devemos observar que Al Gore gastou milhões de dólares comprando uma mansão à beira mar na localidade de Montecitos, Califórnia. Provavelmente, ele está certo de que tal localidade possui uma redoma invisível que a protegerá da elevação do nível dos mares que ele tanto enfatiza em seu documentário alarmista.

domingo, 13 de março de 2011

A origem dos terremotos

Quando atiramos uma pedra nas águas tranquilas de um lago, surge uma série de ondas que se propagam em todas as direções a partir do local onde a pedra caiu. Essa é uma boa analogia para quando corpos de rocha são subitamente perturbados, o que gera um conjunto de ondas mecânicas que se propagam da mesma forma que as que geradas pela pedra no lago. Um terremoto nada mais é do que a passagem dessas ondas, e o local onde ocorre a perturbação inicial é denominada epicentro do terremoto.

Os terremotos podem ser gerados de diversas maneiras. A mais comum delas é o movimento relativo entre dois corpos de rocha ao longo de um plano de fraqueza, denominado falha geológica. Eles podem também ser causados por avalanches de neve ou escorregamentos de terra, pela queda de rochas no interior de minas e cavernas e por explosões intensas como as de uma indústria de armamentos e de uma bomba nuclear. Os terremotos gerados pela primeira causa citada costumam ser os mais intensos e devastadores.

Para melhor entender como se formam os terremotos, é preciso atentar para um importante aspecto da constituição do nosso planeta. Nós vivemos sobre uma fina camada sólida denominada litosfera ou costa terrestre, cuja espessura varia de cerca de 5 km nas partes mais profundas dos oceanos até um máximo de 70 km no meio dos continentes. A crosta terrestre não é homogênea, mas sim dividida em cerca de uma dúzia de porções individuais denominadas placas tectônicas (do grego tektos, construtor). A camada que se situa imediatamente abaixo da litosfera é chamada de astenosfera, que é quente e constituída por pouco menos de 1% de rocha fundida, o que faz com que ela apresente um comportamento viscoso. Devido a isso, as placas tectônicas se movimentam relativamente umas às outras, deslizando sobre a astenosfera ao longo de limites que constituem grandes zonas de falha.

O movimento entre as placas não se dá de forma contínua, pois as forças de atrito entre as zonas de falhas que as separam faz com que a energia mecânica seja acumulada até que o ponto de ruptura seja atingido. Uma vez superado o ponto de ruptura, o movimento se dá de forma súbita, com a liberação de grande quantidade de energia sob a forma de ondas sísmicas, originando os terremotos.

De posse dessas informações básicas, fica claro porque os terremotos são comuns nas regiões de limites entre as placas tectônicas e mais raros no interior das mesmas. O Brasil, por exemplo, é pouco sujeito a esse fenômeno porque seu território está no interior da Placa Sul Americana. Mesmo assim, já experimentamos terremotos em nosso país, mas isso é assunto para uma outra postagem. A figura abaixo mostra, de forma simplificada, a distribuição dos epicentros dos terremotos em nosso planeta, bem como os limites entre as principais placas tectônicas.
Distribuição dos terremotos (pontos amarelos) em nosso planeta. As linhas azuis correspondem aos limites entre as placas tectônicas e os triângulos vermelhos representam os principais vulcões ativos. Notar que tanto estes últimos quanto os terremotos coincidem com os limites entre as placas. Fonte: www.sismo.iag.usp.br/sismologia/terremotos.php

Finalmente, é importante mencionar que devemos aos terremotos a maior parte de nosso conhecimento sobre o interior da Terra. As ondas sísmicas geradas num determinado ponto do planeta percorrem toda a extensão do mesmo e são captadas por estações sismológicas distribuídas em quase todos os países. É por meio do estudo dos parâmetros físicos dessas ondas que podemos ter uma boa noção das diferentes camadas das quais nosso planeta é constituído.

sábado, 12 de março de 2011

Como se proteger de um tsunami

Figura ilustrando uma das causas de tsunami (http://preparela.org/tsunami2)

Tsunamis são mais frequentemente formados pelo súbito movimento relativo entre as rochas abaixo do fundo do mar, o qual ocasiona um terremoto submarino (ver figura acima). Entretanto, deslizamentos de terra, erupções vulcânicas e quedas de meteoritos também podem gerar um tsunami. Se um grande terremoto é sentido, um tsunami pode chegar à praia em poucos minutos, antes que um aviso possa ser emitido pelas autoridades. Áreas de maior risco são aquelas situadas a menos de 25 metros acima do nível do mar e dentro de 1,6 km de proximidade da costa.


Desde 1946, seis tsunamis mataram mais de 350 pessoas e causaram cerca de meio bilhão de dólares em perdas materiais no Havaí, Alasca e da Costa Oeste dos EUA.

Se você estiver em uma área de risco de tsunami, aprenda a proteger a si mesmo, sua família e sua propriedade. Esteja familiarizado com os sinais de alerta de tsunami. Um forte terremoto com duração de 20 segundos ou mais perto da costa pode gerar um tsunami. Um avanço ou recuo súbitos nas águas costeiras são também sinais de que um tsunami está se aproximando.

A Costa Oeste / “Alaska Tsunami Warning Center” (CC / ATWC) e “The Pacific Tsunami Warning Center" (PTWC) podem emitir os seguintes boletins:

* ATENÇÃO: um tsunami foi ou pode ter sido gerado, o que pode causar danos e, portanto, pessoas que moram nas áreas de risco estão altamente aconselhadas a se retirarem.

* Veja: um tsunami foi ou pode ter sido gerado; fujam para pelo menos duas horas de distância da localidade onde moram. As autoridades locais devem se preparar para eventual evacuação se a advertência para sua área for confirmada.

* ADVERTÊNCIA: um tremor de terra ocorreu no Oceano Pacífico, o que pode gerar um tsunami. WC / ATWC e PTWC emitirão boletins de hora em hora avisando da situação.

* INFORMAÇÕES: uma mensagem com informações sobre um terremoto que não é forte o suficiente para gerar um tsunami. Normalmente, apenas um boletim é emitido.

Plano para um Tsunami:

Um planejamento específico para um tsunami deve incluir os seguintes procedimentos:

* Saiba mais sobre risco de tsunami na sua comunidade. Contacte o seu escritório de gerenciamento de emergência local ou da Cruz Vermelha. Descubra se o seu lar, seu trabalho, escola ou outros locais que você frequenta estão em áreas de perigo de tsunami. Saber a altitude da sua rua acima do nível do mar e a distância da mesma ao litoral ou a outras áreas de alto risco, pois ordens de evacuação podem ser baseada nesses dados.

* Se você estiver visitando uma área de risco de tsunamis, verifique com o hotel, motel, ou operadores de acampamento para obter informações de evacuação do tsunami e como você seria avisado. É importante conhecer as rotas de fuga para o caso de um aviso ser emitido.

Se você está correndo o risco de ser atingido por um tsunami, faça o seguinte:

* Elabore imediatamente um plano de enfrentamento de desastres para sua família. Um planejamento específico para tsunamis deve incluir os seguintes itens:

* Converse com sua família: todos devem saber o que fazer na hipótese de os membros da família não estarem todos juntos na ocasião do tsunami. Uma boa conversa ajudará a reduzir o medo e a ansiedade, e ensinará a todos como agir. Revisão de segurança de inundação e medidas de preparação com sua família.

* Planeje uma rota de evacuação de sua casa, do trabalho, da escola ou qualquer outro lugar que possam eventualmente ser atingidos por um tsunami. Se possível, escolher uma área a pelo menos 100 metros acima do nível do mar ou ir até 3 km para o interior, longe da costa. Se não for possível obter essa altitude ou distância do litoral, desloque-se para o local mais alto da região. Cada metro percorrido na horizontal ou na vertical pode fazer a diferença. Você deve ser capaz de chegar ao seu local seguro a pé em 15 minutos. Após um desastre, as estradas podem ficar intransitáveis. Esteja preparado para fugir a pé, se necessário. Trilhas normalmente conduzem para locais elevados no interior, enquanto muitas estradas são paralelas à costa e devem, portanto, ser evitadas. Siga as rotas de evacuação já divulgadas para o caso da ocorrência de um tsunami, o que o conduzirá a um local seguro. Funcionários da administração local e da emergência podem ajudar a orientá-lo quanto ao melhor caminho para os locais de abrigo e segurança disponíveis.

* Conheça as rotas de evacuação. Familiarizar-se previamente com as mesmas pode salvar sua vida. Seja capaz de seguir sua rota de fuga durante a noite e durante mau tempo eventual.

Traduzido e adaptado de http://preparela.org/tsunami2 por mim.

sexta-feira, 11 de março de 2011

A primeira descoberta de petróleo no Brasil

As primeiras pesquisas sistemáticas para descobrir petróleo realizadas no Brasil datam do final do século XIX, quando foram feitas perfurações para essa finalidade em Bofete, interior de São Paulo. Um dos poços, que atingiu a profundidade de 500 m, chegou a produzir pequenas quantidades de petróleo, mas não o suficiente para caracterizar uma jazida comercial. Apesar de os primeiros estudos e perfurações terem sido realizados principalmente no Estado de São Paulo, na primeira metade do século passado, foi na Bahia que o petróleo jorrou pela primeira vez.

A história da descoberta da primeira acumulação de petróleo no Brasil começou em 1932, quando a água de uma cacimba na localidade de Lobato, próximo a Salvador, apresentou contaminação de petróleo. O então presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia, Oscar Cordeiro, foi informado do fato e, com o auxílio do engenheiro Manuel Inácio Bastos, perfurou um poço no local que encontrou, a apenas 5 m de profundidade, uma camada de arenito impregnado de petróleo. Entusiasmado pela importância do fato, Cordeiro tentou obter, no Ministério da Agricultura, um registro de jazida de petróleo para aquela ocorrência.

O Ministério da Agricultura não aceitou o pedido de Oscar Cordeiro, que, indignado, desencadeou uma intensa campanha na imprensa baiana da época, acusando os técnicos daquele ministério de sabotarem os seus esforços para provar a existência de petróleo no Brasil. A controvérsia perdurou por quatro anos, e, até hoje, se discute se houve ou não pressões de interesses estrangeiros que teriam influenciado a resistência do Ministério da Agricultura na época.

O geólogo Sílvio Fróis de Abreu foi ao local para colher e examinar criteriosamente amostras de rocha e óleo, tendo atestado a sua autenticidade. Os resultados foram encaminhados ao ministro da agricultura, Juarez Távora, o qual informou o presidente Getúlio Vargas da importância do fato.

Getúlio Vargas demonstrou grande entusiasmo pela descoberta e estimulou a realização de um estudo integrado, desde a coleta de material no campo a análises de laboratório, em 1935. Os resultados de tais estudos levaram os técnicos Sílvio Fróis de Abreu, Glycon de Paiva e Irnack Carvalho do Amaral a realizar pesquisas geofísicas na área de Lobato, em 1936, que culminaram com a perfuração de dois poços. Tais estudos foram patrocinados pelo Sr. Guilherme Guinle, com o apoio do então diretor do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), Avelino Ignácio de Oliveira.

Os dois poços perfurados foram denominados 153 (que atingiu 22 m de profundidade) e 153 A (71 m); ambos encontraram arenitos impregnados de petróleo, encerrando de vez a polêmica em torno da existência ou não desse bem mineral no Brasil. Um terceiro poço, denominado 163, foi perfurado com uma sonda mais possante, e atravessou, a 214 m de profundidade, uma camada de arenito saturado de petróleo. Durante a paralisação da sonda em um final de semana, o petróleo foi se acumulando e transbordou da boca do poço, em 21 de janeiro de 1939. Essa, portanto, é a data oficial da primeira descoberta de petróleo no Brasil.

Referência: Abreu, Sílvio Fróis (1973) – Recursos Minerais do Brasil. Ed. Edgard Blücher, Rio de Janeiro.