domingo, 6 de março de 2011

Quando o abuso da internet se torna um problema

A internet revolucionou o modo como os seres humanos interagem entre si e seu uso cada vez maior e mais abrangente vem reforçando a globalização, interligando milhões de pessoas ao longo do planeta e proporcionando o acesso quase imediato a informações que, antigamente, eram muito mais difíceis de se obter.

A internet, por suas facilidades de informação e integração, tornou-se indispensável em todos os campos do conhecimento humano. Como tudo o que é muito bom, ela pode causar dependência, com todos os inconvenientes que isso pode ocasionar.

Uma referência bastante citada é o artigo que o médico Jerald J. Block publicou na edição de março de 2008 do “The American Journal of Psychiatry” (clique aqui para ler a íntegra, em inglês). Block alertou que o abuso da internet está se tornando tão comum que ele deveria entrar na lista contida no Manual de Estatística e Diagnóstico de Distúrbios Mentais - o principal livro de referência da Associação Americana de Psiquiatria para categorizar e diagnosticar doenças mentais. No artigo, ele cita um estudo realizado em 2006 pelo governo da Coréia do Sul, o qual concluiu que 2,1% de crianças e adolescentes daquele país, de idade entre 6 e 19 anos, são tão viciados em internet que precisam de tratamento psiquiátrico urgente.

Em seu artigo, Block expressa a sua preocupação, compartilhada por seus colegas, com o número cada vez maior de crianças, adolescentes e adultos que abandonam o estudo e/ou o trabalho para se dedicarem exclusivamente aos computadores, e conclui que o vício em internet é resistente ao tratamento e apresenta elevados índices de recaídas.

Considerando que, como em todo o vício, o último a saber que precisa de ajuda é o próprio paciente, eu preparei uma lista pequena, mas significativa, de sintomas do vício em internet:

1)necessidade do uso de computadores cada vez mais potentes;
2)sentir irritabilidade ou depressão quando não está on line;
3)planejar compulsivamente o que fazer da próxima vez que se conectar à rede;
4)mentir quando perguntado sobre quanto tempo gasta em frente ao computador;
5)negligenciar os relacionamentos convencionais em prol dos relacionamentos virtuais;
6)apresentar problemas de relacionamento com amigos e familiares;
7)desenvolver problemas físicos como aumento de peso decorrente do sedentarismo, lesões por esforço repetitivo, etc;
8)sentir ansiedade intensa quando o acesso à internet é interrompido (por problemas como falta de energia, queda na rede, etc) em horas do dia que poderiam ser dedicadas a outras atividades ou formas de lazer;
9) compulsão para checar a todo momento e-mails ou acessar outras funcionalidades da internet no ambiente de estudo ou de trabalho, podendo levar, nos casos mais sérios, ao abandono dos estudos ou à perda do emprego;
10)apresentar problemas decorrentes da diminuição do número de horas de sono e/ou repouso.

Se você, leitor, apresenta cinco ou mais desses sintomas ao mesmo tempo, está na hora de repensar o modo como você usa a internet. O passo mais importante é o inicial: reconhecer que tem o problema e se mostrar disposto a procurar auxílio médico ou psiquiátrico.

A boa notícia é que o Instituto de Psiquiatria da USP, em conjunto com o Hospital das Clínicas da citada Universidade, desenvolveu um programa de tratamento especializado em dependência em internet, que incuiu o desenvolvimento de um site (http://www.dependenciadeinternet.com.br/), repleto de informações úteis para quem quer se ver livre deste problema. Então, caro leitor, se você realmente acha que precisa de ajuda, não hesite em iniciar o tratamento.

Caso algum de meus leitores queira contar como é o seu relacionamento com a internet e outras facilidades tecnológicas da a vida moderna, sinta-se à vontade!

Sérgio

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