Um artigo escrito no dia 01/04/2011 por John Vidal, no jornal britânico “The Guardian”, do qual ele é editor para a área de meio ambiente, revela fatos e dados estarrecedores sobre o acidente nuclear ocorrido na Usina de Chernobyl, Ucrânia, antiga União Soviética, em 1986.
Nesse artigo, Vidal descreve conseqüências desse acidente que não foram divulgados para o público mundial. Ao comparar essa tragédia com o acidente ora em curso na Usina de Fukushima, no Japão, ele afirma que as autoridades japonesas, como fizeram as soviéticas em 1986, estão nos informando muito pouco sobre o que realmente aconteceu nessa catástrofe. Para reafirmar seus argumentos, Vidal cita as palavras de Alexey Yablokov, membro da Academia Russa de Ciências, e conselheiro do presidente Gorbatchev à época de Chernobyl: “quando você ouvir 'não há perigo imediato' [de radiação nuclear] então é hora de correr para o mais longe e o mais rápido que você puder”.
Em seu artigo, John Vidal narra o que observou numa visita que ele e sua equipe de reportagem fizeram, há cinco anos, a áreas ainda altamente contaminadas da Ucrânia e da fronteira da Bielorrússia, onde a maior parte da radioatividade de Chernobyl se concentrou. Eles visitaram vários hospitais da região, tendo constatado um quadro alarmante de pessoas ainda seriamente afetadas pelos efeitos da radiação, 20 anos após a ocorrência da catástrofe nuclear.
Dentre os problemas constatados por Vidal e seus colegas, eles relatam casos de bebês deformados e com mutações genéticas; crianças doentes; adolescentes com crescimento anormal e corpo deformado; fetos sem pernas ou dedos e pessoas dizendo que todos os membros de suas famílias estavam doentes. Uma médica emocionada disse a eles que, em alguns lugares, uma em três gestações tem má-formação e que ela estava sobrecarregada de pessoas com desordens nos sistemas imunológicos e endócrinos. Outros relatos davam conta de que uma quantidade significativa de radiação estava presente na cadeia alimentar mesmo de áreas relativamente distantes de Chernobyl, fato responsável pela contaminação do leite materno por isótopos radioativos de césio e estrôncio, sendo relativamente comuns os casos de câncer de tireóide e de pessoas que apresentam taxas aceleradas de envelhecimento.
Vidal colheu o depoimento pessoal de um dos homens que ajudou a limpar o que restou da Usina de Chernobyl , durante o qual este afirmou que praticamente todos os seus colegas morreram ou desenvolveram algum câncer, de um tipo ou outro, mas que nunca ninguém entrou em contato com ele para mostrar as evidências. De fato, a Academia Russa de Ciências Médicas declarou em 2006 que 212 mil pessoas haviam morrido em consequência do acidente nuclear de Chernobyl.
O jornalista termina seu artigo aventando a hipótese de que o acidente nuclear de Fukushima pode ser pior que o de Chernobyl, afirmando que “ainda não sabemos o resultado final, mas ouvir de especialistas que a radioatividade não é nada sério, ou que esse acidente prova que precisamos de energia nuclear, não é nada menos de trágico”.
Traduzido e resumido por mim em 03/04/2011. A reportagem original (em inglês) está disponível no link http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/apr/01/fukushima-chernobyl-risks-radiation.
muito legal
ResponderExcluirnada ver _|_
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