Assim começa mais uma de minhas reflexões: esses caras não namoram, não curtem uma piscina, um passeio até o litoral? Será que, como no poema de Augusto dos Anjos, eles estão esperando o time voltar a vencer para tentarem trocar abraços, beijos e carícias com os astros do Corinthians? A que ponto o fanatismo faz com que as atitudes destes torcedores varie de acordo com o desempenho do time? Consta que Ronaldo Fenômeno escreveu em seu twitteer: “não vou dar a eles o gostinho de minha aposentadoria precoce”. Talvez Ronaldo e seus companheiros devessem ler Augusto dos Anjos....Será que um dia eles darão uma passadinha no Ciências e Poemas para ler este blogueiro, quando ele reproduz os versos do poeta da sinceridade cortante? Melhor seria se fosse num dia de vitória, de estádio lotado, de fãs pressionando o cordão de isolamento... Vamos lá:
Versos Íntimos
Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Já escolhi o poema para descrever a cena, agora falta a ciência apropriada para classificá-la!
Fonte: “Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século", organizado por Ítalo Moriconi para a Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 610.
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