sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Supervulcão de Yellowstone

Com a proximidade do final do Calendário Maia em 2012, surgem a cada dia novas previsões e expectativas de catástrofes que poderão dar cabo da humanidade nesse ano cabalístico. Seguramente, nós e nosso planeta seguiremos nossa jornada, mas não custa nada estar a par de ameaças à estabilidade da vida na Terra que tenham fundamento científico. E uma delas, muito explorada pelos canais de documentários das TVs pagas, é o “supervulcão de Yellowstone”. Pensando nisso, eu elaborei um breve texto sobre essa área tão em voga atualmente.

O Parque Nacional de Yellowstone, localizado próximo ao limite entre os estados de Idaho, Montana e Wyoming, EUA, está situado sobre uma anomalia térmica positiva de grandes proporções, a qual é proveniente da presença de um enorme volume de magma (rocha vulcânica quente e em estado líquido) em subsuperfície. Essa anomalia é a fonte de calor para os numerosos gêiseres e fontes de água quente que fazem do referido parque um dos locais mais turísticos dos Estados Unidos.

De acordo com informações obtidas no site do Serviço Geológico Norte-americano, o USGS, em inglês, (http://pubs.usgs.gov/fs/fs100-03/), no início da década de 70 foi realizada uma reavaliação de levantamentos topográficos prévios, na qual se constatou que a caldeira de Yellowstone sofreu um soerguimento de 72 cm em cerca de 50 anos.

Essa informação tem suscitado especulações a respeito da proximidade de uma nova erupção de proporções gigantescas, uma vez que a região de Yellowstone foi palco de três grandes erupções, ocorridas respectivamente há 2.1, 1.3 milhões de anos e 640.000 anos atrás. Isso dá uma diferença de 800 mil anos entre a antepenúltima e a penúltima erupção e 660 mil anos entre a penúltima e a última erupção. Caso essa ciclicidade seja mantida, Yellowstone pode estar a ponto de se manifestar novamente, o que tem causado essa profusão de documentários na TV paga.

A última erupção lançou cerca de 1000 km3 de rochas vulcânicas na atmosfera e foi responsável pela formação da grande caldeira que ocupa a região central do parque. Há poucas dúvidas de que as variações topográficas mapeadas pelo USGS constituem a manifestação do acúmulo de magma sob a região.

Caso ocorra uma erupção de grande magnitude na região de Yellowstone, uma grande área dos Estados Unidos seria afetada; além disso, poderia haver um longo e intenso “inverno vulcânico” no planeta, com conseqüências catastróficas para a humanidade.

Mas ainda não é caso para pânico. Yellowstone é um supervulcão, sem dúvida, mas nada garante que a ciclicidade das últimas 3 erupções será mantida. Ou seja, o soerguimento de toda a região, que tem sido detectado com medidas extremamente precisas de satélite, certamente é um indício de que a quantidade de rocha fundida tem aumentado sob a área, mas ainda é cedo para saber se esse fenômeno terá continuidade e, ainda, se a quantidade de magma será suficiente para causar uma grande erupção vulcânica.

Sérgio Oreiro, D. Sc.

Um comentário:

  1. Caro Sérgio, não sei vc ouviu que essa medida aumentou em 25 cm em Dezembro. Mas gostaria de comentar um outro evento que tem chamado a minha atenção. No Google Earth, se olharmos a esquerda do Japão, veremos que na linha do encontro entre as placas já houve quatro derramamentos basálticos com volumes da ordem de milhão de km cúbicos. E a aparência desgastada mostra que isso vem da esquerda para a direita e a próxima será exatamente aonde não para de tremer. Veja que o Japão está sobre a borda da placa que com seu peso vai funcionar como uma válvula subindo e descendo em grande amplitude enquanto esse material passa entre as placas, aliviando a pressão sob a crosta causada pela subducção da placa que ali está penetrando, e escoando para o fundo do oceano.

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